Um quarteirão já na parte final da Paulista abriga um arranha-céu de 110 metros de altura, dos mais altos da avenida. Ali antes e após a construção do edifício funcionou o Colégio São Luís, que transferiu sua sede em 2020 para a Vila Mariana.
Principalmente dos anos 1980 para cá as pessoas se acostumaram ao cenário local com o edifício. Mas como era antes de existir esse arranha-céu? Para contar a história de 102 anos do São Luís na avenida Paulista é preciso voltar ainda mais no tempo, ao século 19, em uma famosa cidade do interior paulista.
Em Itu o começo:
Ao contrário do que muitos imaginam o Colégio São Luís não começou na mais Paulista das avenidas. Sua história começa em Itu no século 19, no já distante ano de 1867, quando a instituição abre as portas na aprazível cidade do interior do Estado. Sua primeira turma foi composta de apenas 18 alunos.
Rica devido ao cultivo do café, que substituiu a cana-de-açúcar e o algodão na região, Itu foi uma excelente escolha para o novo colégio. O primeiro endereço ituano, no Convento de São Francisco, logo ficou pequeno e uma nova escola precisou ser construída, sendo inaugurada em 1872 no espaço de uma antiga chácara da região. Três anos depois, em 1875, o prestígio do colégio é colocado em destaque com a visita do então Imperador do Brasil, D. Pedro II.
Com o crescimento da capital paulista cada vez mais acelerado entre os derradeiros anos do século 19 e início do 20, alguns colégios mudam para São Paulo, de olho em filhos de imigrantes e de paulistanos em busca de melhores escolas – recentemente nesta coluna citei o caso do Colégio Azevedo Soares – e com o São Luiz não seria diferente.
Enfim São Paulo:
O Colégio São Luís chegou à Cidade de São Paulo em 1917 com um grande complexo educacional localizado na avenida Paulista. A instituição abre suas portas em uma região já valorizada, porém basicamente residencial, tendo como vizinhos alguns dos mais ricos industriais e profissionais liberais do país, que faziam da Paulista o mais elegante endereço da São Paulo do início do século passado.
Com o passar dos anos o cenário da avenida Paulista vai se transformando, deixando de ser o endereço dos palacetes para ser a região de modernos edifícios e centro financeiro. Contudo o São Luís permanece firme e forte por ali.
Na década de 1960 os jesuítas mantenedores do colégio estudam uma maneira de modernizar e melhor ocupar a área do São Luís, de modo a ficar mais condizente com a nova realidade região cada vez mais tomado por grandes edifícios. É quando surge a ideia de construir um edifício de maneira a trazer uma nova estrutura aos alunos e novas fontes de renda para a instituição.
Assim em 1970 iniciam-se as obras do Edifício São Luís Gonzaga, cujas obras só foram 100% concluídas em 2000. A construção ficou a cargo da Construtora Romeu Chap Chap e o projeto arquitetônico é de autoria da dupla Edison Musa e Jaci Hargreaves.
Ao total o prédio possui 22 andares e moderna estrutura, dotada de 17 elevadores sendo um deles de emergência, que é possível ser operado até em casos de incêndio. O edifício é uma parte do quarteirão bilionário pertencente a ANEAS (Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social), dos Jesuítas, que além do arranha-céu inclui a área do colégio, edifícios comerciais e a igreja São Luís Gonzaga.
Nova mudança:
No início dos anos 2000 o colégio começa a estudar a mudança para um novo endereço. Um complexo novo totalmente voltado para as necessidades pedagógicas do século 21. Assim inicia-se a construção de uma nova sede, desta vez no bairro de Vila Mariana. Em 2020 o novo Colégio São Luís inaugurou suas novas instalações em uma área de 15 mil m².
Com a saída da avenida Paulista a área não foi vendida, mas foi celebrado um contrato de exploração comercial com a imobiliária norte-americana Tishman Speyer. O acordo agora é alvo de uma disputa judicial entre a empresa e os jesuítas, onde os religiosos acusam a empresa de estelionato.
Veja imagens da trajetória do Colégio São Luís:
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