Na década de 1980 esta Folha tinha uma coluna muito interessante – e que me serviu de inspiração – chamada Memória Paulistana. Era ali que semanalmente o jornal publicava algum imóvel antigo da capital paulista com um breve descritivo, trazendo aos leitores informações relevantes sobre nosso patrimônio histórico.
Eu era apenas um garotinho que lia a Folha depois que meu pai terminava sua leitura e sempre tive o hábito de recortar colunas as quais guardo comigo até hoje. A imagem a seguir é um destes recortes, mas se você quiser ver a página impressa completa ela está disponível no acervo do jornal, bastando clicar aqui.
Como homenagem a esta saudosa coluna resolvi revisitar alguns destes imóveis antigos que foram alvo de reportagens para saber como eles estão hoje em dia. Terão eles sido restaurados? demolidos? abandonados? A edição de 15 de dezembro de 1986 mostra este velho palacete desta maneira:
Projetado em 1900 e construída nos anos seguintes este palacete encantador é de autoria do engenheiro e arquiteto alemão radicado no Brasil Maximilian Hehl, nada mais nada menos que o mesmo que projetou a Catedral da Sé, a atual Igreja da Consolação e a Catedral de Santos.
O imóvel foi utilizado como residência de alto padrão durante as 2 primeiras décadas do século 20, sendo depois desocupado e fracionado em três sobrados independentes e disponibilizado para locação. Sua arquitetura elegante logo atraiu interessados.
Ali durante as décadas de 1940 e 1950 serviu de sede de partidos políticos, entre eles o Partido de Representação Popular, de Plínio Salgado. Outras partes do imóvel passaram para a hotelaria, com os hotéis Duque de Caxias e posteriormente o Hotel Minister, esse último funcionando até o final da década de 1980 e que recebia principalmente passageiros que desembarcavam da extinta rodoviária que ficava bem em frente.
O QUASE FIM
Pouco tempo depois da reportagem feita pela Folha em 1986 o imóvel foi parcialmente demolido, sobrando de pé cerca de 25% do velho palacete. A parte demolida foi incorporada por uma concessionária de veículos, cujo showroom ficava na Praça Princesa Isabel. A área destruída do casarão foi transformada em um galpão para as oficinas da loja.
Mesmo assim o que restou do palacete acabou tombado como patrimônio histórico paulistano pelo Condephaat salvando ao menos uma pequena fração de vir a ser demolido. Entretanto o resultado ficou um tanto curioso pois dá a impressão de que não era um grande palacete, mas um conjunto de sobrados geminados. Peculiaridades de nossa São Paulo.
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