Um imposto de 5% sobre as pessoas mais ricas do G20 poderia arrecadar dinheiro suficiente para acabar com a fome global e ajudar países de baixa e média renda a se adaptarem às mudanças climáticas.
Essa arrecadação, de cerca de US$ 1,5 trilhão (R$ 7,5 trilhões) por ano, também permitiria que o mundo cumprisse as metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. Haveria ainda mais US$ 546 bilhões para investimentos em serviços públicos e ação climática nos países do G20.
Os dados fazem parte de um relatório da Oxfam Brasil divulgado às vésperas da primeira reunião dos ministros de Economia e presidentes de Bancos Centrais do G20, que será realizada em São Paulo nesta semana.
"Enquanto os ministros das finanças das maiores economias do mundo se reúnem esta semana em São Paulo, uma grande questão paira no ar: estarão eles dispostos a recuperar suas democracias, tributando os super-ricos?", questiona Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
Segundo a entidade, diversas pesquisas mostram que a maioria das pessoas em diversos países apoia um aumento dos impostos sobre os mais ricos e há diversos movimentos encabeçados por milionários pedindo uma tributação maior sobre renda e patrimônio.
Atualmente, no entanto, a tributação sobre a riqueza nos países do G20 corresponde a um quarto da arrecadação sobre o consumo, que em geral tem mais peso sobre as camadas mais pobres da população, segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) citados pela Oxfam Brasil.
Cerca de 8% da arrecadação desse grupo de países, que inclui o Brasil, vem de tributos sobre renda e patrimônio, enquanto 32% têm como origem a tributação de bens e serviços, como alimentos e outros itens essenciais que têm impacto maior sobre as famílias de baixa renda.
A Oxfam Brasil afirma que uma "guerra à tributação justa" provocou forte queda na taxação sobre a riqueza e o rendimento dos mais ricos nesses países. Em vários locais, o 1% mais rico da população foi contemplado com a redução nas alíquotas mais altas sobre rendimentos nas últimas quatro décadas, ao mesmo tempo em que viram sua renda aumentar em 45%.
A taxa máxima de imposto sobre o rendimento pessoal em 1980 era de 59,5%, em média, em 17 países do G20. Em 2022, esse teto era de 40,4%.
"Um sistema justo de impostos poderia frear as desigualdades e promover sociedades mais saudáveis e inclusivas", afirma Katia Maia.
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