Políticas e Justiça

Editado por Michael França, escrito por acadêmicos, gestores e formadores de opinião

Políticas e Justiça - Michael França
Michael França

Igualdade de gênero: a luta ainda continua

Pensar sobre a temática vai além dos aspectos salariais e se estende para diversas áreas que podem impactar a vida das mulheres

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Marta Celestino

É pesquisadora, yalorixá, consultora em inovação e diversidade, e CEO da Ebony English School

Questões sobre igualdade de gênero têm se tornado cada vez mais proeminentes nas discussões sociais, especialmente em datas como o Dia Internacional da Mulher. O movimento busca abordar várias facetas da desigualdade de gênero, incluindo questões relacionadas ao ambiente de trabalho, salários, maternidade e, mais recentemente, o papel dos homens como aliados importantes para os avanços desse tema.

No ambiente de trabalho, por exemplo, as discussões se concentram em promover a igualdade de oportunidades, eliminar disparidades salariais e criar ambientes mais inclusivos.

A maternidade muitas vezes é um ponto crítico, pois as mulheres podem enfrentar desafios relacionados à discriminação no setor corporativo, falta de licença maternidade adequada e a falsa ideia de que nós temos dificuldades para conciliar a vida profissional e familiar.

Ela é uma mulher negra de olhos escuros e cabelos pretos que usa tranças. Ela usa óculos de grau e uma blusa branca sem mangas
É pesquisadora, yalorixá, consultora em inovação e diversidade e CEO da Ebony English School - Divulgação

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2022, mostraram que as mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, enquanto os homens utilizam 11,7 horas.

A partir de quais lentes estamos enxergando para falar de igualdade de gênero no que tange às mulheres? Vamos avançar neste tema sem considerar saúde, raça, cultura, imigração, autonomia de comunicação e lugar de fala?

Precisamos ampliar as discussões em termos interseccionais. O que se entende hoje por equidade trata-se de não diferenciar pessoas, dando condições completamente justas e equiparadas.

Pensar sobre a temática vai além dos aspectos salariais e se estende para diversas áreas que podem impactar a vida das mulheres de maneiras únicas.

Tenho participado de seminários a respeito, e vejo que falta o aprofundamento sobre o que é ser mulher e sobre a colaboração do eurocentrismo para a distorção no entendimento da existência da mulher, transformando-a em serviçal ou reprodutora. A mulher tem que estar pronta para servir, enquanto o homem tem o tempo dele de descompressão para poder lidar com as pessoas com o mínimo de educação.

Precisamos de avanços práticos no quesito da remuneração, dos cargos de liderança, da presença feminina, mas me pergunto se um dia teremos igualdade se não consideramos peculiaridades para a formação das bases desse pensamento acerca de igualdade de gênero.

Ainda que o debate seja incipiente para o momento em que vivemos na sociedade global, precisamos sair da zona de conforto e combater estereótipos de gênero e trabalhar para eliminar práticas discriminatórias em todas as esferas da coletividade.

Enfrentando as diversas formas de violência e ameaças que somos expostas diariamente. É sobretudo, enfrentar a diversas formas de violência e ameaças que somos expostas diariamente. Trazendo para o centro das discussões que a existência de uma mulher é ameaçada pelo simples fato desta ser mulher.

O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Marta Celestino foi "Brown Skin Girl", de Beyoncé, Blue Ivy, SAINt JHN e WizKid.

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