O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro
Descrição de chapéu Seleção Brasileira

A seleção brasileira ainda precisa de Neymar, e vice-versa

Não há atualmente um jogador do país com a capacidade e a liderança técnica do craque de 31 anos

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Neymar segura a bola com as duas mãos e a beija na partida do Brasil contra a Bolívia, em Belém, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026; ele usa camisa amarela e calção azul

Neymar na partida do Brasil contra a Bolívia, em Belém, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 Carl de Souza - 8.set.2023/AFP

Fernando Diniz, treinador interino da seleção brasileira, convocou neste sábado (23) os 23 jogadores para as partidas de outubro das Eliminatórias da Copa do Mundo, contra Venezuela e Uruguai.

Em relação ao grupo disponível na partida mais recente (1 a 0 sobre o Peru, em Lima), duas alterações: o volante Gerson e o atacante Vinicius Junior –ficaram fora o meia-atacante Joelinton e o atacante Gabriel Martinelli.

Neymar como não poderia deixar de ser, está na lista de Diniz. Desde que começou a atuar pela seleção principal, em agosto de 2010 (amistoso contra os EUA), o atual camisa 10 sempre foi figurinha fácil no escrete canarinho.

Só ficou fora de partidas da equipe algumas vezes por estar lesionado (perdeu a Copa América de 2019, por exemplo) ou por acerto com o clube que defendia (em 2016, para liberá-lo para as Olimpíadas do Rio, o Barcelona o vetou na Copa América Centenário).

Com os olhos fechados, os punhos fechados e os braços erguidos, Neymar comemora gol diante da Bolívia no estádio Mangueirão, em Belém, na partida em que passou Pelé como principal artilheiro da seleção brasileira em jogos reconhecidos pela Fifa
Neymar comemora gol diante da Bolívia no estádio Mangueirão, em Belém, na partida em que passou Pelé como principal artilheiro da seleção brasileira em jogos reconhecidos pela Fifa - Carl de Souza - 8.set.2023/AFP

Neymar, chamado por muitos de "Menino Ney" devido a uma suposta falta de maturidade, já não é mais um garoto: completou em fevereiro último 31 anos. Também não está mais na vitrine do futebol europeu, trocando o Paris Saint-Germain pelo Al Hilal, da Arábia Saudita.

Depois da eliminação na Copa do Mundo do Qatar, no final de 2022, ele aventou a possibilidade de se aposentar da seleção, algo natural após uma grande decepção. Recuou e continua vestindo a camisa amarela.

O questionamento a ser feito é este: a seleção ainda precisa do futebol de Neymar ou ele é dispensável?

Muitos se lembrarão de que Neymar, protagonista do time há mais de dez anos, não foi capaz de liderar o Brasil a uma conquista de Copa do Mundo: falhou em 2018 e em 2022, e em 2014 teve séria lesão nas quartas de final. Nem Copa América ele faturou quando jogou, em 2011, 2015 e 2021.

Além disso, o Brasil sagrou-se campeão da principal competição sul-americana, em 2019, sem Neymar, que não participou da Copa América por causa de contusão no tornozelo.

Esses são argumentos a serem considerados por quem defende a exclusão do craque da seleção. O "cai-cai" em campo parece não ser mais válido contra ele, já que Neymar tem se mantido em pé bem mais do que em momentos anteriores.

Insubstituível, de fato, ninguém é. Porém é inegável que não há, tecnicamente, alguém tão capacitado como Neymar entre os jogadores brasileiros.

Além de ter uma habilidade enorme com a bola nos pés, ótima visão de jogo (inteligência cinestésica afloradíssima) e ainda ser veloz –no mês passado, quase fez um gol antológico diante da Bolívia ao arrancar do meio de campo com a bola dominada e driblar quatro rivais antes de finalizar e o goleiro salvar–, ele tem um papel de liderança no grupo.

Os outros atletas da seleção o admiram e o respeitam, assim como os treinadores –aparentemente Neymar, que tem seu lado brincalhão, é muito bom no convívio social na seleção.

E, excetuando-se a falta de títulos, os resultados do Brasil com e sem ele escancaram a sua relevância. Nas 126 partidas em que contou com Neymar, a seleção perdeu apenas oito (6%, 1 a cada 16 jogos); sem ele, foram 48 partidas e 12 derrotas (25%, 1 a cada 4 jogos).

Neymar também é uma referência goleadora. Em jogos oficiais, passou Pelé, tendo marcado 79 vezes ante 77 do Rei do Futebol. A média de gols do camisa 10 com a seleção é de 0,63 por partida.

Não há quem chegue perto entre atacantes selecionáveis: Richarlison, 20 gols em 46 jogos (média de 0,43); Gabriel Jesus, 19 gols em 61 jogos (média de 0,31); Raphinha, 6 gols em 18 jogos (média de 0,33); Rodrygo, 4 gols em 16 jogos (média de 0,25); Vinicius Junior, 3 gols em 23 jogos (média de 0,13).

Além disso, quando Neymar balançou as redes nas partidas que disputou (em 60 das 126), o Brasil só saiu de campo derrotado uma vez (excluindo as disputas de pênaltis), em amistoso contra a Alemanha em 2011 (3 a 2), acumulando 55 vitórias e 4 empates (Croácia, na Copa-2022, e três amistosos).

Neymar, caso continue a ser convocado pela seleção e possa, livre de lesões, defendê-la por mais alguns anos, ruma para se tornar o jogador com mais jogos pelo time: está atrás somente dos laterais pentacampeões mundiais Cafu (150) e Roberto Carlos (132).

E o interesse de Neymar em jogar pelo Brasil, continua a existir?

Parece evidente. Não só pelo patriotismo, já que ele sempre deixou claro seu comprometimento em ir a campo por seu país, mas também pela vaidade.

Quase todo jogador tem o seu orgulho, quer ser visto e admirado, e, agora enfurnado no ainda obscuro futebol saudita, Neymar precisa da seleção para que o mundo o veja e fale (mais) dele –preferencialmente com elogios e afagos.

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