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Editora do The Economist dá dicas para escrever um bom obituário

Ann Wroe escreve para a seção da revista inglesa desde 2003

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Em vídeo publicado pela revista britânica The Economist, a editora de obituários Ann Wroe dá dicas sobre como escrever um bom texto sobre quem morreu recentemente.

Para ela, um bom obituário não deve narrar a história de vida, mas capturar a essência da pessoa, seus hábitos, obsessões e compulsões.

"Cada pessoa representa um mundo que desapareceu com ela. É como se um sino tocasse na minha cabeça. Eu penso ‘essa é uma história incrível para ser contada’", afirma.

Jornais expostos em banca
Unsplash

Wroe, que escreve esse tipo de texto desde 2003, conta que o primeiro passo é "pesquisar loucamente sobre a pessoa". Depois, ela faz buscas sobre os detalhes.

"Lembro de uma vez que pesquisei o nome de uma pessoa e ‘queijo’ para ver o que aparecia. Ainda que não tivesse nada a ver, é incrível como isso cria um estilo completamente diferente de história sobre eles", diz.

A editora também procura por autobiografias, para entender o que as pessoas pensavam sobre si mesmas e por que achavam que eram importantes. "Tudo isso aproxima do que eu considero como sua verdadeira essência ou alma."

Os obituários de jovens são os mais difíceis de serem escritos, segundo Wroe. "Acho que o mais triste foi o de um menino sírio de 14 anos, que era uma estrela de televisão. Ele era muito bom e muito engraçado, e fez tudo isso durante o cerco em Aleppo. Então, ele foi morto", conta.

Entre os seus textos favoritos, está o obituário de uma mulher que reconstruiu a paisagem da Grã-Bretanha do início do período medieval, apenas para entender o significado dos nomes dos lugares anglo-saxões.

"Ela soube que o nome Croydon, que hoje é uma cidade cheia de arranha-céus no sul de Londres, significava ‘o vale onde cresce o açafrão selvagem’. De repente, temos uma imagem tão vívida e maravilhosa, muito diferente da Croydon que conhecemos hoje".

Quando escreve os obituários, Wroe espera que os leitores fiquem interessados não apenas por quem a pessoa era, mas simpatizem com ela e a entendam mais do que quando começaram a leitura.

"Meu ponto, muitas vezes, é que não existe nenhum ser humano totalmente mau ou bom. As pessoas são complexas, e eu espero que, ao ler os obituários, as pessoas sintam simpatia até por pessoas difíceis", conclui.

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