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Catch and kill: conheça a prática de jornais de enterrar reportagens em benefício de amigos

Em julgamento, editor de tabloide americano admitiu ter omitido reportagens para ajudar Trump em sua primeira campanha à presidência

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O ex-diretor executivo da A360, conglomerado de mídia que controla o National Enquirer e outras publicações americanas, admitiu em julgamento na cidade de Nova York, em abril, ter comprado e "enterrado" histórias com potencial de prejudicar a campanha do então candidato à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2016.

Naquele ano, Pecker pagou US$ 30 mil (cerca de R$ 150 mil, em valores corrigidos pela inflação) pelos direitos da história de um suposto filho bastardo do ex-presidente –que se provou falsa– e depois US$ 150 mil (R$ 700 mil) a Karen McDougal, uma ex-modelo da Playboy, pela história de seu suposto caso romântico com Donald Trump.

Pagar por entrevistas não é ilegal nos Estados Unidos, embora muitas publicações não o façam por razões éticas. Mas há exceções, como mostra um texto publicado na revista The Economist.

O ex-diretor executivo da A360 admitiu ter comprado e “enterrado” histórias com potencial de prejudicar a campanha de Trump, em 2016. - REUTERS

Em 1912, o New York Times desembolsou US$ 1.000 (o equivalente a R$ 154 mil em 2024) a um sobrevivente do Titanic por sua versão dos fatos acerca do naufrágio. E, em 1975, na ressaca do escândalo Watergate, a emissora CBS pagou US$ 25 mil (R$ 770 mil hoje) para entrevistar o ex-chefe de gabinete do ex-presidente Richard Nixon.

O que é incomum é que as empresas de mídia comprem histórias justamente com o propósito de impedi-las de circular, protegendo determinados indivíduos de seus efeitos negativos.

No depoimento ao tribunal em Nova York, Pecker narrou ter comprado e "enterrado" depoimentos de mulheres que diziam ter sido assediadas pelo ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, o que lhe valeu uma investigação oficial.

O executivo também disse ter persuadido o jogador de golfe Tiger Woods a aparecer na capa da revista Men’s Fitness por meio de ameaças de publicação de fotos do atleta em um encontro romântico.

Não foi um caso isolado, aparentemente. Em 2019, o magnata Jeff Bezos, dono da Amazon e do Washington Post, acusou o ex-editor do National Enquirer de tentar chantageá-lo usando fotos de um encontro extraconjugal entre o empresário e sua atual noiva, a jornalista Lauren Sanchéz. A A360 nega qualquer ilegalidade no caso.

A Folha não paga por informação. O Manual da Redação diz que "o jornalista não pode oferecer valores ou favores pessoais em troca de informação" e "tampouco aceitar valores ou favores pessoais para publicar ou omitir uma notícia".

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