Cuidar de um recém-nascido estabelece vínculos que duram a vida inteira. Diversas pesquisas comprovam que a presença ativa do pai eleva a autoestima e bem-estar emocional dos filhos, resultando em menos problemas como uso de drogas, gravidez precoce ou evasão escolar. Fora isso, a presença deles também influencia a inteligência, as relações sociais, o desenvolvimento da fala e o desempenho acadêmico das crianças.
Estudos também demonstram redução na quantidade de separações, casos de depressão pós parto e violência doméstica.
Além disso, dividir responsabilidades de forma mais equilibrada diminui a discriminação em relação às mulheres no mercado de trabalho e permite aos pais exercerem seu papel, apoiando sua esposa e os filhos num momento tão especial e ao mesmo tempo desafiador para a família.
Pais presentes experimentam alterações hormonais e cerebrais semelhantes às da mãe quando estão ativamente envolvidos na vida de seus filhos. A ocitocina, conhecida como hormônio do amor, foi encontrada em níveis semelhantes em pais que mantém um bom contato físico com seus bebês.
Mas como experimentar tudo isso se a licença oferecida aos pais pela maioria das empresas no Brasil é de apenas 5 dias? Locais incluídos no programa Empresa Cidadã oferecem apenas 20 dias frente aos 180 dias ofertados para mulheres.
Pensando em mudar essa realidade, um grupo formado por indivíduos, empresas e instituições lançou a Coalização Licença Paternidade, que visa estender gradativamente a licença-paternidade, sempre de forma remunerada e obrigatória.
"Temos exemplos de diversos países que já avançaram nessa pauta e os resultados são muito positivos. Nosso papel, além de compartilhar informações importantes para a extensão da licença-paternidade, é de levantar essa reflexão com a sociedade, já que o apoio popular é um grande aliado nas decisões políticas", diz Camila Bruzzi, cofundadora da Coalizão.
Entre os embaixadores estão Vera Iaconelli, psicanalista e colunista da Folha, Marcos Paingers, escritor e autor do "O Papai é Pop", o ator e diretor Lázaro Ramos e o presidente da Amazon BR e Top Voice LinkedIn, Daniel Mazini.
"Cinco dias é muito pouco. Isso dá o recado que nós, homens, não importamos na vida das crianças e que só as mães devem fazer tudo. Sabemos que um pai presente muda tudo e cinco dias é menor do que o período do Carnaval. Qual a chance de termos homens cuidadores, presentes, afetivos e mais conectados com a sua família? Essa realidade não faz sentido e precisamos nos mexer", finaliza Piangers.
A Coalizão defende que a licença-paternidade deve ser obrigatória para que haja aderência e promoção às mudanças culturais pretendidas; ser 100% remunerada e custeada pelo Estado a fim de favorecer sua adoção plena tanto por empregadores quanto empregados e o início da licença deve ocorrer a partir do nascimento do bebê por um período de algumas semanas para que o pai esteja disponível para dar o apoio essencial à mãe puérpera e ao recém-nascido.
O grupo pede a manutenção do período de licença-maternidade, a garantia da estabilidade dos trabalhadores e a oferta de cursos preparatórios de conscientização para acelerar as mudanças sociais.
É possível participar do projeto como signatário, apoiador financeiro ou voluntário.
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