Vestindo uma peruca loira, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) usou a tribuna da Câmara dos Deputados para discursar sobre o Dia Internacional da Mulher. Ele afirma que a esquerda queria impedi-lo de se pronunciar "por não estar em seu local de fala" e segue para dizer que solucionou o problema, porque "hoje eu me sinto mulher: deputada Nicole."
Ironizando mulheres trans, ele segue: "As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo de tudo isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade."
Até o fim da tarde desta quarta (8), o deputado ultrapassa 14 mil citações no Twitter, sendo o terceiro assunto mais comentado no Brasil. Além de seu nome, outras hashtags na rede também dão conta do episódio, como "Nikole", "Transfobia", "Cassação" e "Chupetinha", apelido jocoso dado a Nikolas por opositores.
Em resposta ao deputado, a deputada Tábata Amaral (PSB-SP) tomou a palavra no plenário, chamando sua fala de "preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta", ressaltando que transfobia é crime no Brasil e que entrará, junto a outros parlamentares, com pedido de cassação. Outros parlamentares usaram as redes para comentar.
Para além da transfobia, alguns internautas acreditam que a "performance" do deputado bolsonarista é uma "cortina de fumaça" ante o caso das joias da Arábia envolvendo Jair Bolsonaro (PL) e sua esposa, Michelle Bolsonaro (PL).
Há também quem aponte as semelhanças entre o discurso de Nikolas e as ideias defendidas por J.K Rowling, adeptada do feminismo radical, corrente ideológica que exclui pessoas trans.
Conservadores bolsonaristas, por sua vez, foram manifestar apoio à atitude do deputado e endossaram seu discurso.
Por outro lado, muitos estão questionando a competência de Nikolas Ferreira, eleito em 2022 como o deputado federal mais votado do país. "Congresso não é lugar de moleque", afirma uma tuiteira.
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