De Grão em Grão

Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro

De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Descubra qual o maior risco de quem acumula 20% do necessário para se aposentar

Descubra como a tentação de gastar suas economias pode comprometer seu futuro financeiro e entenda o impacto dos juros compostos a longo prazo

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Acumular um quinto do necessário para a aposentadoria pode parecer um marco significativo. No entanto, muitas pessoas que começam a poupar nunca chegam a concluir suas economias. Isso ocorre porque, frequentemente, ao atingir um determinado patamar de patrimônio, surge a tentação de gastar em algo significativo, como um imóvel, um automóvel ou uma viagem dos sonhos. Essa tentação constante impede que os objetivos financeiros de longo prazo sejam alcançados.

Investidor reflete sobre as tendências de mercado. REUTERS/Brendan McDermid - Brendan McDermid/REUTERS

A sensação de ter um dinheiro disponível muitas vezes cria uma falsa sensação de segurança. Afinal, pensar em gastar um montante acumulado em algo tangível e imediato é mais atraente do que deixá-lo aplicado por mais décadas. No entanto, esse comportamento é prejudicial para o crescimento do patrimônio, especialmente quando consideramos o efeito dos juros compostos ao longo do tempo.

Quando se retira uma quantia substancial das economias, não se está apenas diminuindo o montante principal, mas também sacrificando os juros que seriam gerados sobre aquele montante no futuro. O poder dos juros compostos reside justamente na capacidade de gerar retornos sobre os retornos anteriores, criando um efeito bola de neve que acelera o crescimento do patrimônio com o passar dos anos.

Para ilustrar o impacto dos juros compostos e o problema do saque antecipado, veja o exemplo. Considere um indivíduo que deseja ter uma renda de R$ 10 mil adicional ao INSS. Considerando uma taxa de juros real, ou seja, acima do IPCA de 6% ao ano, ele deveria acumular um total de R$ 1,7 milhão a valores de hoje.

Para chegar a esse valor, considerando a mesma taxa de juros, ele precisaria guardar R$ 1,7 mil ao mês por 30 anos, corrigidos pelo IPCA. Ou seja, se você ganha R$ 10 mil de salário, seria equivalente a poupar pouco menos de 20% da renda mensal.

Após 12 anos poupando, ele terá R$ 360 mil a valores de hoje. É uma quantia razoável e equivale a cerca de 20% do necessário. Nesse momento, usualmente, os indivíduos têm dois pensamentos: ou começam a duvidar da possibilidade de se alcançar a meta, ou querem se presentear pelo esforço, achando que isso não vai comprometer o resultado ou que a despesa vai ser tão boa quanto o dinheiro aplicado.

O questionamento se é possível alcançar a meta ocorre pois 12 anos representa 40% do tempo esperado de poupança de 30 anos e, nesse prazo, só foi poupado 20% do necessário. Fica difícil acreditar que no tempo restante, ou seja, 60% do prazo total, seria possível multiplicar por 5 a soma poupada em 12 anos, fazendo o mesmo.

No entanto, ao gastar esse dinheiro, o investidor não só perde o montante principal, mas também os juros compostos que seriam gerados sobre ele. A longo prazo, essa decisão pode representar uma diferença significativa na qualidade de vida durante a aposentadoria.

Por exemplo, se você gasta esse valor, sabe quanto tempo levaria novamente para você acumular o mesmo patrimônio? Logicamente, os mesmos 12 anos. No entanto, se você não gastar, em 12 anos, você terá R$ 1,09 milhão a valores de hoje. Isso significa que o valor terá triplicado em termos reais no mesmo prazo.

Entendeu o efeito dos juros compostos? Sabe o que muitos fazem e que acaba por comprometer a aposentadoria?

Um caso comum quando indivíduos acumulam 20% do necessário para se aposentar é a compra de um imóvel. Embora seja considerado um investimento, a compra de um imóvel costuma drenar uma grande parte do capital disponível e reduzir a capacidade de gerar retornos compostos sobre o mesmo.

Na maioria das vezes, o valor poupado é suficiente apenas para a entrada necessária para um financiamento. Os juros do financiamento, junto com a vontade de fazer reformas no imóvel, drenam toda a capacidade de poupança futura. Assim, o investimento para aposentadoria fica comprometido.

Para evitar cair nessa armadilha, é crucial estabelecer metas financeiras claras e ter disciplina para mantê-las. Criar um plano de aposentadoria detalhado e comprometer-se a segui-lo, resistindo à tentação de gastar grandes somas em itens de consumo imediato, é fundamental. Isso não significa que não se possa gastar em lazer ou realizar sonhos ao longo da vida, mas sim que esses gastos devem ser bem planejados e compatíveis com o plano de longo prazo.

Manter um foco constante nos objetivos de aposentadoria e lembrar-se do poder dos juros compostos pode ser a chave para garantir uma aposentadoria confortável e segura. Resistir às tentações imediatas e priorizar o crescimento do patrimônio a longo prazo é uma das decisões mais inteligentes que se pode tomar para assegurar um futuro financeiro estável.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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