Estava conversando com um investidor hoje pela tarde e comentei: esse CDB prefixado com retorno de 14% ao ano pode mais que duplicar o investimento em 6 anos. Ele retrucou que aplicações como essa não interessavam. O problema não era o prazo, mas o valor. Sua resposta me fez refletir como muitas vezes é mais fácil ser conservador com um portfólio pequeno e muitos não aproveitam.
Você provavelmente já me viu recomendar a aplicação em CDBs. Este instrumento quando bem utilizado, pode ser excepcional. Principalmente se o investidor tem menos de R$ 2 milhões.
Isso mesmo. Se você tem menos dinheiro.
Eu sei, R$ 2 milhões não é pouco. Estou apenas fixando o limite superior. Se você tem R$ 100 mil em investimentos, melhor ainda para a argumentação. Vou explicar a razão.
Para estar dentro da garantia do FGC, o investidor deve aplicar um limite de R$ 250 mil por emissor. Para isso, deve fazer a conta do retorno total do investimento até o fim do período.
Por exemplo, para uma aplicação que rende 14% ao ano de 6 anos de vencimento, recomenda-se que o investidor aplique no máximo R$ 114 mil. Esse valor aplicado vai se transformar em R$ 250 mil em 6 anos. Portanto, vai mais que dobrar.
Se limitar a aplicação a R$ 114 mil, o investidor vai estar durante todo o período com a cobertura do FGC para este emissor.
Para um investidor com R$ 2 milhões, essa aplicação representaria quase 6% da carteira. Dobrar o valor ainda faz uma diferença.
Entretanto, o investidor com quem eu falava tinha R$ 20 milhões.
Para ele, o investimento de R$ 114 mil representaria apenas 0,6% da carteira. Há investidores que não gostam de fazer pequenas posições.
Eu já sou o contrário. Acredito que a soma de boas e pequenas posições resultam em uma grande e boa posição. Não me incomodo em dividir e acho até mais salutar.
Mas, esse investidor tem razão em um ponto. Veja, o exemplo.
Considere um investidor que tem R$ 1 milhão. Ele pode aplicar 10% de sua carteira em uma alternativa como essa e garantir um retorno de 119,5% em 6 anos.
Como comparação, o Ibovespa só conseguiu superar este retorno de 119,5% em dois intervalos de tempo nos últimos 20 anos. Isso ocorreu entre 2003 e 2007 e entre 2016 e 2019. Nenhum ativo brasileiro tradicional teve retorno anual médio nos últimos 20 anos superior a 14% ao ano.
Ou seja, com baixo risco e garantia, investidores pequenos podem ter uma parcela relevante do portfólio rendendo similar a Bolsa.
Portanto, para um investidor menor, digo, aquele que tem menos de R$ 2 milhões, aplicações simples como essa e com garantia causariam uma grande diferença no retorno de longo prazo. Um grande investidor tem de correr risco para ter uma parcela relevante de seu portfólio com retornos similares.
Na maioria das vezes o pequeno investidor fica com medo do prazo ou receio de perder uma oportunidade no meio do caminho. Entretanto, como ficar com medo se nos últimos 20 anos nada superou um retorno como estes que temos em renda fixa? Ou, qual oportunidade vai surgir que vai superar este retorno com baixo risco se nada proporcionou isso nos últimos 20 anos?
Tolos são os que falam que investir em renda fixa é "perda" fixa. Estes perdem uma grande oportunidade ao desprezar a renda fixa no Brasil. Eu não perderia oportunidades como esta nem se eu tivesse R$ 50 mil, nem com R$ 50 milhões. Mas, com um patrimônio menor, ela faz um efeito bem mais significativo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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