Você já se deparou com a escolha entre satisfazer um desejo imediato ou planejar para um benefício maior no futuro? Essa é uma questão comum na hora de decidir onde e como investir seu dinheiro. Por que optar por gratificações instantâneas quando se pode buscar um retorno mais significativo a longo prazo? Mas, afinal, o que significa "longo prazo" nesse contexto?
Longo prazo, em termos de investimento, refere-se a um horizonte temporal superior a cinco anos. Esse período permite que o seu dinheiro trabalhe para você, potencialmente superando as flutuações do mercado e maximizando os retornos. Mas, por que muitos hesitam em comprometer-se com essa visão de futuro?
Primeiro, há a questão da incerteza. Como podemos saber o que o futuro nos reserva em cinco, dez ou vinte anos? Muitos preferem a certeza do presente ao mistério do amanhã. No entanto, esta é uma justificativa frágil. A história do mercado mostra que, embora haja altos e baixos, a tendência de longo prazo é de crescimento.
Outra razão é a necessidade de gratificação instantânea. Vivemos em uma era de consumo imediato, onde esperar é frequentemente visto como uma perda de tempo. Mas, ao ceder a essa impulsividade, perdemos a oportunidade de construir uma base sólida para o futuro.
Além disso, existe o medo do compromisso. Comprometer uma parcela do seu patrimônio por um longo período pode parecer assustador. Contudo, esse medo ignora o potencial de crescimento composto e a possibilidade de ajustes estratégicos ao longo do tempo.
Mas por que, então, investir com um horizonte de longo prazo pode ser tão lucrativo? A magia dos juros compostos é uma razão convincente. Quando os retornos sobre seus investimentos são reinvestidos, eles começam a gerar seus próprios retornos. Ao longo do tempo, esse processo pode transformar modestas contribuições iniciais em somas substanciais.
Considere, por exemplo, um investimento inicial modesto que cresce constantemente ao longo de duas décadas. O impacto dos juros compostos, especialmente se os rendimentos são reinvestidos, pode resultar em um retorno significativamente maior do que se os mesmos fundos fossem investidos com uma mentalidade de curto prazo e retirados frequentemente.
Observe o primeiro e o segundo gráfico abaixo. Qual dos dois ativos você preferiria investir?
Possivelmente, você escolheu investir no ativo do segundo gráfico.
Observe que eu escondi as escalas de tempo de ambos. Foi proposital.
Agora, observe o círculo vermelho no segundo gráfico. Esse círculo vermelho é exatamente o primeiro Gráfico. O primeiro gráfico é apenas uma expansão do que está no círculo vermelho.
Quando olhamos em uma perspectiva de longo prazo é sempre mais fácil entender qual teria sido a melhor decisão. Ou seja, ter investido para o longo prazo.
Ambos os gráficos são do IMAB5+, ou seja, os títulos públicos federais referenciados ao IPCA de mais de cinco anos de vencimento. No primeiro gráfico, o investidor teria perdido do CDI. Possivelmente, muitos investidores desejavam aplicar apenas no CDI naquele momento. Algo parecido com o que ocorre agora.
O segundo gráfico representa o mesmo indicador nos últimos 16 anos. O resultado de quem investiu para o longo prazo naquele momento foi de 156% do CDI.
Investir com uma perspectiva de curto prazo pode parecer menos arriscado ou mais controlável, mas é também uma estratégia que frequentemente resulta em oportunidades perdidas. O foco no curto prazo pode levar à venda precipitada durante baixas do mercado, perdendo a chance de recuperar e até mesmo ganhar com a recuperação do mercado.
Muitos investem para o curto prazo receosos de perderem alguma oportunidade, mas acabam por deixar passar pelas suas mãos a grande oportunidade que existe de travar os juros para o longo prazo, principalmente agora, em que estes ainda estão elevados.
Em suma, embora a ideia de travar recursos por um longo período possa parecer desafiadora, os benefícios potenciais de uma abordagem de longo prazo para investir são difíceis de ignorar. Com paciência e persistência, é possível ver seu patrimônio crescer e alcançar objetivos financeiros que parecem distantes, mas que são plenamente realizáveis com o tempo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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