De maio de 2022 a agosto de 2023, o CDI e a Selic estiveram, praticamente, todos os meses rendendo acima de 1% ao mês. Destes 16 meses, apenas em dois o CDI rendeu menos de 1% em um mês. Entretanto, isso foi explicado pelo mês ter menos dias úteis. Depois de tanto tempo se aproveitando, investidores começam a se perguntar: e agora, onde obter 1% ao mês?
Muitos investidores ainda não perceberam, pois costumam olha a rentabilidade acumulada dos últimos 12 meses e essa ainda se encontra acima de 12% no período até janeiro deste ano.
A ficha deve começar a cair em meados de 2024 quando a taxa acumulada de 12 meses cai abaixo de 11% ao ano. Em agosto, o CDI mensal deve estar cair abaixo de 0,80% ao mês.
A saudade do rendimento alto e sem risco deve crescer rápido.
Com a expectativa de queda da Selic, o rendimento mensal do CDI deve cair para 0,7% ao mês ainda este ano.
Se a inflação, medida pelo IPCA, permanecer baixa, ou seja, próxima de 4% ao ano e as taxas de juros nos EUA caírem, no próximo ano, esta taxa mensal pode cair para 0,5% ao mês.
Um rendimento de metade do 1% ao mês também ocorreu nos anos de 2018 e 2019. As baixas taxas tendem a incentivar investidores a elevarem o risco de suas carteiras. Isso ocorreu naqueles anos.
Algo similar deve ocorrer no fim deste ano ou no próximo ano.
O gráfico abaixo mostra como o CDI mensal evoluiu nos últimos anos e para onde deve convergir.
Neste momento, ainda é possível ter o equivalente de um rendimento mensal de 1% ao mês. Entretanto, não mais com a liquidez e baixo risco que era disponível em títulos referenciados ao CDI ou Selic.
Para ter o rendimento de 1% ao mês o investidor vai ter de abdicar de uma destas duas vantagens ou das duas.
Por exemplo, pode aplicar em CDBs prefixados de prazos longos com garantia do FGC e retornos acima de 12,6% ao ano. Assim, pode garantir pelos próximos 5 ou mais anos o rendimento elevado e com baixo risco. Entretanto, perde a liquidez.
Se preferir manter a liquidez, pode investir em títulos de crédito privado com rendimentos acima de IPCA+6,5% ao ano líquido de IR. Entretanto, estes títulos possuem um pouco mais de risco, pois não há a garantia do FGC. Um rendimento de IPCA+6,5% ao ano isento de IR equivale a um retorno bruto de IR de 12,6% ao ano se considerarmos uma inflação de 4% ao ano.
Alternativamente, também há os fundos imobiliários de CRI. Vários destes têm distribuído rendimentos de 1% ao mês isentos de IR. Entretanto, é preciso selecionar com cuidado, pois a volatilidade das cotas pode ser mais significativa.
Para os investidores conservadores, o mais indicado é abdicar da liquidez e investir em CDBs com garantia do FGC.
Nesse momento de transição de taxas, é importante uma adequada preparação para que você não tenha de correr para elevar o risco de sua carteira quando não houver mais alternativas para conseguir mais retorno com menor risco.
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Aproveito para chamar a atenção para o artigo dessa semana da coluna Comento seu Dinheiro. Nesta nova coluna, eu comento e esclareço os desafios financeiros dos leitores. Se você desejar, posso comentar sobre sua dúvida. Para enviar sua dúvida, escreva um e-mail para mim descrevendo o problema e colocando no título: Comente meu dinheiro. No e-mail, fale sua profissão, idade, conte um pouco de sua história e explique seu dilema com detalhes.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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