Com o litro do azeite se aproximando dos R$ 100 no supermercado, já tem restaurante português mudando a receita do bacalhau.
Adaptações precisarão ser feitas, e uma coisa é certa: a fraude do azeite, que já é endêmica, vai explodir.
O esquema ocorre com a falsificação (venda de outros óleos como se fosse azeite extravirgem) ou adulteração (azeite "batizado" com outros óleos) em todas as etapas da cadeia.
Há azeite fraudado na origem, na distribuição, no envasamento e, como você já pode ter desconfiado, nas cozinhas dos restaurantes brasileiros.
Trata-se de um cambalacho tão simplório quanto difícil de punir. O dono do restaurante –digamos, um quilão– compra alguns vidros de azeite de marca confiável e os põe à disposição dos clientes.
Quando esse azeite acaba, ele leva os frascos à cozinha e os completa com produto comprado em galões, sempre algo mais barato. O que tem no galão, em geral, é azeite adulterado no envase –todo ano sai uma lista de marcas pegas no truque– ou óleo misto de soja e oliva.
Isso quando o cara não liga o f0d@-se e mete óleo de soja puro no vidro do azeite.
Não acontece em todos os lugares, obviamente, mas é uma prática disseminada. Via de regra, quanto mais barata/popular a casa, maior a chance de ter azeite fajuto na mesa –porque restaurantes assim atraem um público menos exigente em relação aos artigos de galheteiro.
A inflação absurda do azeite, agravada pela quebra da safra de azeitonas na Espanha, pressiona o setor de restaurantes a mudar procedimentos. Alguns vão repassar o aumento nos custos (o que pode afugentar clientes), outros vão simplesmente abolir o azeite "grátis" para temperar comida à mesa (o que também pode criar insatisfação).
Um terceiro grupo, composto por comerciantes que ainda não cometiam o estelionato, vai cair em tentação e fraudar o azeite. Porque é um negócio tão simplório quanto difícil de punir.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.