Com a revisão do Plano Diretor, aprovada nesta segunda-feira (26) pela Câmara Municipal, especialistas em mobilidade urbana temem que a bicicleta perca espaço na cidade de São Paulo.
Entre outras modificações, a nova lei retira a cobrança de outorga onerosa para construção de vagas de garagem a cada 60 metros quadrados de edificação, expande o raio de verticalização em volta de estações do Metrô de 600 metros para 700 metros, e ainda possibilita que os quarteirões tocados por este raio sejam completamente afetados pela nova regra.
Para o engenheiro de transportes Luis Fernando Di Pierro, o adensamento dessas regiões e a oferta de mais garagens vai causar uma disputa pelo espaço no viário. "A bicicleta será o modal mais prejudicado".
Di Pierro esteve na Câmara para acompanhar a votação e reclamou do tempo oferecido à população para debater o tema. "Fizeram tudo às pressas, sem monitoramento. Não sabem, por exemplo, quantas pessoas mudaram do carro para transporte coletivo ou para bicicleta desde que o Plano Diretor de 2014 foi aprovado. Agora simplesmente mandaram aumentar a quantidade de vagas de garagens, sem modelar. Isso é ilegal".
O geólogo e cicloativista paulistano Sasha Hart acredita que os ciclistas passarão a sofrer ainda mais com a disputa por espaço. "Já estava difícil aumentar a nossa malha cicloviária, agora a luta vai ficar pior", disse.
Sobre o adensamento nos eixos estruturantes, Hart alerta para o prejuízo ambiental: "Vejo com preocupação a falta de estudos de avaliação de impacto na circulação do vento, no acesso à luz do sol, no aumento da poluição. Sinto, sobretudo, pela falta de debate com a população sobre qual cidade queremos para o futuro".
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.