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Hanuska Bertoia
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Eliane Lage, estrela da Vera Cruz, será homenageada em festival no ABC

Atriz de 95 anos fez quatro longas na companhia de São Bernardo do Campo

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A atriz Eliane Lage em cena de "Caiçara" (1950), seu primeiro filme na Vera Cruz - Divulgação

A atriz Eliane Lage, 95 anos, um dos principais nomes da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, será homenageada no 1º Festival de Cinema de São Bernardo do Campo, que acontece entre 28 de novembro e 2 de dezembro.

Criada em 1949 na cidade do ABC, a Vera Cruz foi uma tentativa de estabelecer no país uma indústria cinematográfica nos moldes hollywoodianos. Para isso, técnicos e diretores estrangeiros foram contratados, garantindo qualidade técnica e formando novas gerações de profissionais. Seus filmes tiveram no elenco nomes como Anselmo Duarte, Tônia Carrero, Ruth de Souza e Amácio Mazzaropi.

Eliane, que atualmente vive em Pirenópolis (GO), fez quatro longas na Vera Cruz. Sua estreia aconteceu em "Caiçara" (1950). Até então não tinha pretensão de ser atriz. Conheceu Tom Payne, diretor anglo-argentino contratado pela companhia, e foi convidada para fazer o teste da protagonista do filme, a primeira produção dos estúdios.

Depois seguiram-se "Ângela" (1951) e "Terra é Sempre Terra" (1952), mas a consagração veio com "Sinhá Moça" (1953), dirigido por Payne e o longa preferido da atriz. "Foi muito interessante ver o Tom preparar o filme. Ele fez inúmeros contatos com pessoas que estavam mergulhadas na história do Brasil. Ele, como estrangeiro, se achou obrigado a entrar na raiz de um filme como ‘Sinha Moça’", afirma a atriz, que foi casada com o diretor.

No elenco da produção estão Anselmo Duarte e Ruth de Souza, indicada ao Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1954 por sua interpretação da escravizada Sabina. A atriz dá nome ao troféu que será entregue pelo festival a Eliane e ao filho de Léa Garcia, morta em agosto deste ano, também homenageada.

Passado e presente

Fazer a conexão entre a Vera Cruz e a atual produção cinematográfica brasileira é o objetivo 1º Festival de Cinema de São Bernardo do Campo, afirma seu idealizador e organizador, Rudy Serrati.

"Nasci na cidade e pesquisei sobre a nossa história. Tinha um sonho de falar sobre São Bernardo e sua ligação com o cinema. As pessoas sabem da Vera Cruz, mas parece um passado longínquo. Com o festival, celebramos a memória, mas também o cinema atual", afirma.

O evento terá duas mostras competitivas, uma para longas e curtas de todo o país, e outra voltada para jovens cineastas do ABC e obras de minutagem diferente. "A ideia é fomentar, ajudar quem está começando", diz Serrati.

Haverá ainda uma homenagem ao diretor Hector Babenco, com a exibição do documentário "Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou", de Bárbara Paz, para marcar os 20 anos de "Carandiru", filmado nos estúdios que já foram da Vera Cruz. Tombado pelo patrimônio histórico, o conjunto de pavilhões da antiga companhia ainda é usado em produções, principalmente para a TV.

"Acho fantástico São Bernardo ter um festival de cinema. Que a cidade seja reconhecida como um centro de cinema, afinal os estúdios estão lá até hoje. Que sejam aproveitados para a criação de filmes. Vamos fazer cinema!", diz Eliane Lage sobre a homenagem e o festival.

Também está prevista uma exposição com figurinos e objetos de cenografia da Vera Cruz, atualmente sendo restaurados e que serão cedidos pela Prefeitura de São Bernardo. O festival acontecerá em um espaço da administração municipal e terá entrada gratuita.

Para quem deseja conhecer ou rever filmes da Vera Cruz, alguns longas estão disponíveis gratuitamente no Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca Brasileira (www.bcc.org.br). Confira a seguir:

"Caiçara" (1950)
"Terra é Sempre Terra" (1951)
"Tico-Tico no Fubá" (1952)
"Sai da Frente" (1952)
"Appassionata" (1952)
"O Cangaceiro" (1953)
"Candinho" (1953)
"A Família Lero-Lero" (1953)
"Luz Apagada" (1953)
"É Proibido Beijar" (1954)
"Floradas da Serra" (1954)
"Na Senda do Crime" (1954)
"O Gato de Madame" (1956)
"Osso, Amor e Papagaios" (1957)
"Verão de Fogo" (1969)
"Um Certo Capitão Rodrigo" (1971)

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