Beb�-diabo nasce no ABC paulista, mas some de forma misteriosa
Folhapress | ||
Capa do "Not�cias Populares" em 11 de maio de 1975, com destaque para o nascimento do beb�-diabo |
Em 11 de maio de 1975, o "Not�cias Populares" estampou na capa a l�gubre manchete "Nasceu o diabo em S�o Paulo", sobre o suposto nascimento de uma criatura com caracter�sticas sobrenaturais em S�o Bernardo do Campo (SP). O jornal foi o �nico impresso a veicular o caso.
O enigm�tico parto do beb�-diabo rendeu ao "NP" 27 reportagens que alavancaram as vendas do jornal na �poca. Com tiragem m�dia di�ria de 70 mil exemplares, o peri�dico chegou � marca dos 150 mil jornais vendidos durante a s�rie.
A hist�ria trouxe em seu enredo boas pitadas de mist�rio, terror e medo.
A primeira reportagem deu conta do clima de tens�o e p�nico em que o parto fora realizado, evidenciado no primeiro par�grafo do texto: "Durante um parto incrivelmente fant�stico e cheio de mist�rios, correria e p�nico por parte de enfermeiras e m�dicos, uma senhora deu a luz num hospital de S�o Bernardo do Campo a uma estranha criatura, com apar�ncia sobrenatural, que tem todas as caracter�sticas do diabo, em carne e osso. O bebezinho, que j� nasceu falando e amea�ou sua m�e de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos e um rabo de aproximadamente cinco cent�metros, al�m do olhar feroz, que causa medo e arrepios".
O "Not�cias Populares" descreveu ainda o incontrol�vel temperamento do sagaz diabo. Como o dia em que, no ber��rio da maternidade, furioso ao ver a luz do dia, teria gritado a uma das enfermeiras: "Feche a janela!". E, olhando friamente para os demais funcion�rios, emendou: "Ou fecham, ou mato a todos!".
A segunda reportagem da saga destacou o sombrio desaparecimento do mequetrefe da maternidade onde nascera. A manchete foi curta e objetiva: "Beb�-diabo desaparece". A p�gina interna do jornal relatou a dram�tica fuga do diab�lico beb�-capeta, que teria fugido saltando do terceiro andar do hospital. Antes de escapar, teria dito "Aqui n�o � meu lugar. Essa mulher n�o � minha m�e..." e "Vou embora, n�o perten�o a este mundo. N�o sou daqui. Voc�s s�o pavorosos. Faltam acess�rios em voc�s".
Nas edi��es seguintes, o "Not�cias Populares" encheu suas p�ginas com testemunhos de incidentes que estariam ocorrendo em toda a regi�o do ABC paulista com o desaparecimento do tinhoso.
Frequentes desaven�as entre casais e amigos que nunca haviam se desentendido, dezenas de colis�es de carros com v�timas fatais e, principalmente, atropelamentos em massa, cometidos por exemplares motoristas, davam o tom da onda de p�nico que assombrou o ABC durante o epis�dio. Crian�as n�o foram mais vistas brincando nas ruas. Mulheres se recolhiam mais cedo �s suas resid�ncias, e portas trancadas � luz do dia se tornaram pr�ticas comuns entre os moradores da regi�o.
As v�rias tentativas de grupos de moradores na busca de pessoas espiritualizadas que fossem capazes de encontrar e derrotar o travesso foram em v�o. As prociss�es realizadas tamb�m n�o lograram �xito em liquidar o diabo.
No meio da trama, o "Not�cias Populares" veiculou que, ap�s capturado por um grupo de religiosos, o beb�-diabo teria sido internado em uma cl�nica particular de S�o Bernardo, que seria aberta � visita��o p�blica.
O jornal chegou a noticiar uma pequena lista da cl�nica com orienta��es que deveriam ser seguidas � risca pelos curiosos interessados em visitar o capeta. Eram elas: 1) ser maior de 18 anos, estar munido de crucifixo; 2) evitar conversar com o beb�-fen�meno para n�o ouvir palavras obscenas; 3) n�o ter problemas card�acos; e 4) assinar um termo de responsabilidade em caso de ser tomado por possess�es demon�acas.
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Montagem na capa do "NP" de 5 de maio de 1975 |
Depois, novos rumores preencheram as p�ginas do "NP" dando conta de que o filho de L�cifer fora visto saltando pelos telhados das casas durante a noite. "Era ele, tenho certeza! Vi com os meus pr�prios olhos! Parecia um louco pulando os telhados, fazendo desfeita para a Lua! Ele pulava rindo alto, mandando todo mundo pro inferno", disse, ent�o, a dom�stica Maria Aparecida de Oliveira.
Outros boatos que correram foram os de que um discreto fazendeiro, morador de Mar�lia (SP), que, segundo os vizinhos, "n�o tirava o chap�u por nada desse mundo", seria o pai do beb�-diabo. O homem teria tido um r�pido relacionamento com uma moradora de S�o Bernardo e rompera com ela havia cerca de nove meses.
"Ele dificilmente tira o chap�u, mas faz assim para esconder os dois chifres e evitar goza��es", dizia um dos amigos.
Em outra ocasi�o, depois de ter infernizado um ritual de umbanda, a criatura fora vista pela �ltima vez amarrada dentro de uma Kombi, estava com a cabe�a baixa e muitas l�grimas nos olhos. Fan�ticos religiosos o teriam sequestrado e pretendiam lev�-lo para o Nordeste para dar um ponto final na hist�ria.
A pen�ltima manchete do "Not�cias Populares" sobre o caso, em 5 de junho de 1975, trouxe o emblem�tico personagem Z� do Caix�o, do cineasta Jos� Mujica Marins, e dizia: "Z� do Caix�o vai ca�ar beb�-diabo no Nordeste". Na reportagem, o cineasta, com dois de seus emiss�rios, seguiria rumo a Salvador atr�s da criatura. A inten��o do grupo era mandar o diabo para o "quinto dos infernos".
O que parecia ser o fim do dem�nio de S�o Bernardo veio abaixo com a manchete: "Povo v� de novo beb�-diabo no Grande ABC". Foi a insinuante volta e, ao mesmo tempo, o fim da lend�ria saga do beb�-diabo nas p�ginas do "Not�cias Populares".
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