Novo governo altera rotina e público de centro cultural

Plantão da imprensa é permanente na sede do governo de transição, em Brasília.

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Brasília

Em novembro, chove em Brasília. Chove muito. Para sexta-feira (22), o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) alertava: “Encoberto com pancadas de chuva e trovadas isoladas”. Foi assim quase todos os dias.

É sob chuva —raramente sob o sol— que a imprensa acompanha as primeiras decisões do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição, em Brasília.

Sergio Moro almoça com colegas no café da área externa do CCBB  - Gabriela Sá Pessoa - 19.nov.2018/Folhapress

Frequentado por visitantes que buscam cultura e um local para contemplar o Lago Paranoá, o CCBB teve sua rotina alterada nas últimas três semanas. Ali, agora, se monta o futuro governo.

O público mudou. Saíram de cena os cinéfilos e apreciadores de arte contemporânea para ceder espaço para uma outra fauna urbana: burocratas de terno e gravata e mulheres de terninho. Ambos com os indefectíveis bottons e crachás, um símbolo de status brasiliense.

O reportariado se ambientou. Montou acampamento por ali. Literalmente. Um toldo foi montado para proteção contra aguaceiros.

Por ali passa agora o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, que circulou pelo local nos primeiros dias de preparativo para assumir o Ministério da Justiça.

Moro deparou-se rapidamente com a vida de Brasília e ficou incomodado de ter sido fotografado enquanto mastigava, num café localizado na área externa do prédio. O desconforto durou alguns dias, mas logo o futuro ministro voltou a fazer refeições em público.

Na primeira aparição de Moro no CCBB, uma funcionária afirmou ter ficado encantada com a aparência do ex-magistrado. “Nossa, que homem bonito. Tomara que ele venha todos os dias.”

O acesso à sala principal do gabinete de transição é restrito e bloqueado por grades. Quando Bolsonaro chega ao local, ganha reforço da PF.

Em três semanas, o eleito só parou uma vez no local para dar entrevista, ao anunciar Ernesto Araújo como futuro ministro de Relações Exteriores.

Sua chegada ou saída quase nunca é avisada com antecedência, mas o prenúncio de seus deslocamentos se dá por meio de ruídos de seu amplo aparato de segurança: o sobrevoo do helicóptero da Polícia Militar é o primeiro deles. Por isso, o plantão é permanente. A tropa da imprensa não abandona o posto. 

Gabriela Sá Pessoa, Laís Alegretti e Talita Fernandes

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