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Daniel Castanho

Escola é portal para o ilimitado

Represar informação não é aprendizado, muito menos conhecimento

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Daniel Castanho

Presidente do Conselho de Administração da Ânima Educação

Há quase um quarto de século convivemos com tecnologias cada vez mais parecidas com ficção científica. Mas esse é um ponto de vista de alguém do período em que telefone era aquele aparelho com um disco numérico e processador de texto era a máquina de escrever. Para as gerações nascidas no novo milênio, a tecnologia "sci-fi" é parte da paisagem. Para elas e as próximas, não haverá lembranças de um mundo pré-internet.

Uma virtude da tecnologia é a economia de tempo: avanços tecnológicos reduziram o tempo de se fazer um trabalho de dias, mesmo semanas, para horas ou minutos. E isso sempre encontrou lugar na educação: de calculadoras, retroprojetores, datashows e filmes educativos em VHS a CD-ROMs, enciclopédias e bibliotecas acessíveis do celular, aulas virtuais e óculos de realidade aumentada —e a inteligência artificial está a caminho. Esse avanço vem acontecendo cada vez mais rápido.

Quando tudo parece avançar de modo tão acelerado, faz bem dar um passo atrás e voltar a dúvidas mais primárias, que talvez até parecessem sanadas, mas que agora exigem novas e melhores respostas. Por exemplo: por que ainda vamos à escola? Com tanto conhecimento distribuído pela internet, o indivíduo já não poderia fazer sua própria educação?

Consumir informação na internet é um processo passivo e solitário. Sem interagir, a pessoa que consome aquela informação é um ponto final, a ideia não vai adiante. E represar informação não é aprendizado, muito menos conhecimento. Na escola, o professor coloca os diferentes conteúdos de todos ali em conflito, em interação —e aí as pessoas aplicam as informações que têm e, dessa forma, constroem conhecimento.

Esse contato entre pessoas é o campo para exercitar algo que está no núcleo da inteligência: a flexibilidade. A universidade (a escola, de forma geral) deixa as pessoas mais flexíveis: a provocação do professor desperta a curiosidade, o desejo por saber e descobrir. Isso nos ensina a escutar —que não é meramente esperar sua vez de falar, mas sim prestar atenção no que diz o outro, refletir sobre o que é dito.

Dessa reflexão podem surgir noções, conceitos e novas perguntas —e aí está posta a base para construir conhecimento.

Ensinar é um processo de lapidar o cérebro, com o professor como condutor, e essa lapidação é a atividade mais nobre a que um ser humano pode se dedicar. Porque ela abre portas para o estudante se expandir, se conhecer, questionar e se questionar, desenvolver seu autoconhecimento —e, com isso, sua autoestima. Derruba-se, assim, o medo de ousar, de arriscar e se arriscar. Cria pessoas capazes de se sentirem ilimitadas.

Por que ainda se vai à escola? Porque ela é o portal que, ao cruzarmos, deixamos para trás pensamentos ultrapassados e criamos outros. Do outro lado desse portal estarão pessoas ilimitadas, capazes de transcender e alcançar o que sonharam.

Podemos transformar o Brasil pela educação. Isso começa na escola. E nada é mais gratificante do que contribuir para que as pessoas ultrapassem os próprios limites.

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