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Doença do desmate

Surto de febre maculosa em SP guarda relação com a derrubada da mata atlântica

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Capivara no campus da Universidade de São Paulo (USP) - Zanone Fraissat/Folhapress

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Desde janeiro, o estado de São Paulo registrou 19 casos de febre maculosa, com cinco mortes desde 12 de junho. Dessas, quatro estão ligadas a um surto em Campinas.

Como observa Alessandra Nava, pesquisadora da Fiocruz, a doença não é registrada na Amazônia, mas todo ano há casos na região paulista. A diferença, ao que parece, é a floresta. A devastação da mata atlântica causou desequilíbrios na biodiversidade local, e entre as consequências estão as doenças infecciosas que afetam humanos.

A enfermidade é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, que habita o carrapato-estrela. Em São Paulo, ele parasita principalmente antas. Entretanto, como esse mamífero está quase em extinção na região, o carrapato adotou a capivara como hospedeiro.

A caça e o desmatamento, ademais, praticamente eliminaram as onças, predadores das capivaras. Como resultado, houve aumento da população do hospedeiro. Por fim, a diminuição das florestas faz com que os roedores entrem em zonas urbanas, intensificando o contato com seres humanos.

A mata atlântica apresenta hoje apenas 24% de sua cobertura original. Entre 2021 e 2022, foram derrubados 20.075 hectares, uma queda de 7,2% em relação aos 21.642 hectares dos 12 meses anteriores.

Mesmo assim, o número ainda se mostra muito elevado quando comparado ao menor já registrado, de 11 mil hectares, em 2017-18.

A capital paulista também sofre os efeitos do desmate. Em 2020, reportagem da Folha descreveu ocupações ilegais em zonas de preservação ambiental, que tinham relação com o crime organizado.

Áreas verdes são derrubadas para a implantação de loteamentos clandestinos, que, entre 2019 e 2020, passaram de 8 hectares para 22 hectares. De janeiro de 2019 a fevereiro deste ano, 85 hectares de mata foram destruídos.

Apenas na zona sul, foram 63 (74% do total) —ou 88 campos de futebol. Nessa região, ficam as represas Billings e Guarapiranga, e especialistas apontam para o risco de poluição de mananciais.

Há aí tarefas para as políticas ambiental, habitacional e de segurança pública. Quanto à febre maculosa, o sistema de saúde precisa estar mais preparado para diagnosticar rapidamente doenças relacionadas com a devastação ambiental —que, em boa parte, não pode ser mais revertida.

editoriais@grupofolha.com.br

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