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Descrição de chapéu Rússia

Putin mente constantemente e precisa ser punido pela Justiça, diz viúva de Navalni

Iulia Navalnaia discursa na Conferência de Munique e lamenta morte de marido anunciada horas antes por Moscou

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São Paulo

Apenas algumas horas após a notícia da morte de Alexei Navalni na Rússia, sua viúva, Iulia Navalnaia, 47, fez um inesperado discurso na Conferência de Segurança de Munique, o principal fórum de discussão mundial de segurança, que ocorre na cidade alemã.

Introduzida pela vice-presidente dos Estados Unidos, a democrata Kamala Harris, e assistida por lideranças globais, Navalnaia afirmou que Vladimir Putin e seu governo têm de ser responsabilizados pela morte do marido, o mais conhecido crítico do presidente russo.

A viúva de Alexei Navalni, a economista russa Iulia Navalnaia, discursa na Conferência de Segurança de Munique no dia que em foi anunciada a morte de seu marido - Thomas Kienzle/AFP

"Não podemos acreditar em Putin e em seu governo", disse ela. "Eles mentem constantemente. Putin e toda a sua equipe, todos à sua volta, serão punidos pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. Eles serão levados à Justiça, e isso ocorrerá logo."

Sempre nos bastidores da trajetória de Navalni, ela chegou a ser cotada para assumir os holofotes quando o marido foi preso, em 2021. Seria uma trajetória em partes parecida com a da belarussa Svetlana Tikhanovskaia, que assumiu a oposição à ditadura de seu país quando o marido foi detido. Mas não o fez.

Navalnaia ficou conhecida por milhões de pessoas quando, no ano passado, compareceu à cerimônia do Oscar, em que "Navalny" levou a premiação na categoria de melhor documentário.

Na ocasião, em entrevista à revista alemã Der Spiegel, ela já havia manifestado preocupação com a saúde do marido, que atualmente estava preso em uma cadeia na remota região de Iamalo-Nenets, no Ártico. "Todos entendemos que é Putin quem, pessoalmente, age para que Alexei siga preso. Enquanto ele estiver no poder, é difícil imaginar que meu marido seja libertado", afirmou a economista.

Projetava-se que a Conferência de Munique deste ano fosse dominada pelas guerras Israel-Hamas e Rússia-Ucrânia, assim como pelos temores de um afastamento dos EUA da Otan, a aliança militar ocidental, caso Donald Trump retorne à Casa Branca após as eleições de novembro.

Mas o anúncio da morte de Navalni deu o tom de muitas das conversas.

"Pensei muito se deveria vir aqui ou se deveria imediatamente voltar para meus filhos", afirmou a viúva do opositor russo. "Mas, então, refleti sobre o que Alexei faria no meu lugar e tenho certeza de que ele estaria exatamente aqui, neste palco."

Ela pediu que "toda a comunidade internacional lute contra esse mal, esse horrível regime". "Vladimir Putin deve ser responsabilizado por todas as atrocidades que cometeu em nosso país nos últimos anos." Ela foi aplaudida de pé por todos os presentes na sala.

Navalnaia se encontrou com algumas autoridades nos bastidores da conferência —entre elas, o chefe da diplomacia dos EUA, o secretário de Estado Antony Blinken, e a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. "Querida Iulia, você e sua família apoiaram corajosamente Navalni em sua causa por tantos anos. Hoje, também curvamos nossas cabeças diante de toda a família", escreveu Von der Leyen no X, ao lado de um vídeo em que abraçava Navalnaia.

Ao apresentá-la, Kamala Harris também falou sobre o assunto. Disse que a morte de Navalni "seria mais um sinal da brutalidade de Putin. "Seja qual for a história que nos contem, vamos deixar algo claro: a Rússia é a responsável", afirmou a vice de Joe Biden.

Pelo segundo ano consecutivo, nenhuma autoridade russa foi convidada para comparecer ao fórum de segurança.

Com Reuters e The New York Times

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