Limite à inteligência artificial na guerra é raro consenso entre Xi e Biden
Apesar da disputa tecnológica entre os dois países, EUA e China têm interesses em vetar armamentos autônomos
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Menos de um mês após os Estados Unidos lançarem uma nova ofensiva em sua guerra fria tecnológica contra a China, a inteligência artificial, maior alvo da disputa, foi um dos raros temas consensuais na reunião entre o presidente americano, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping.
No encontro, os dois líderes reconheceram os riscos criados pela inteligência artificial usada em operações militares ou nucleares. Mas afirmaram ainda não estarem prontos para uma declaração conjunta sobre o tema, que necessitará de mais conversas, relatou um alto funcionário da Casa Branca a jornalistas.
O governo americano anunciou em 17 de outubro uma nova rodada de restrições de exportações de semicondutores e equipamentos de fabricação dos chips para a China, na tentativa de brecar os avanços de Pequim em inteligência artificial.
O progresso da China na área é visto pelos EUA como uma ameaça existencial. E uma das grandes preocupações é o acesso das forças militares chinesas aos semicondutores necessários para treinar modelos de IA –para possibilitar, por exemplo, que mísseis inimigos sejam detectados e gerem um contra-ataque autônomo, sem necessidade de intervenção humana.
A Casa Branca começou a impor sanções contra empresas como a Huawei e ZTE em 2019. Em outubro do ano passado, o governo Biden anunciou restrições amplas à exportação de chips e equipamentos para a China. No início deste ano, Japão e Holanda se uniram aos EUA nas restrições de vendas. E, no mês passado, o governo Biden anunciou novas medidas para tentar fechar brechas que estavam sendo exploradas pelos chineses para obter os chips avançados.
O líder chinês abordou na reunião com Biden a irritação de Pequim diante dos controles de exportação que ameaçam desacelerar o desenvolvimento de um dos setores eleitos como prioritários no país. Segundo relatou um funcionário da Casa Branca a jornalistas, Biden afirmou que os EUA não irão fornecer à China tecnologia que possa ser usada militarmente contra as forças americanas. Ainda que queira reduzir o nível de tensões com a China em meio a duas guerras, da Ucrânia e em Gaza, sufocar o desenvolvimento tecnológico da China é prioridade dos americanos.
Existia a expectativa de que os dois países anunciariam um canal de diálogo ou diretrizes para vetar o uso de IA em controle e comando de armas nucleares. Para a China, a percepção era que aderir a esse tipo de iniciativa possa suspender, temporariamente, novas restrições dos EUA à exportação de chips e equipamentos.
"Os desafios globais críticos que nós enfrentamos, de mudanças climáticas a combate ao tráfico de drogas e inteligência artificial exigem nossos esforços conjuntos", disse Biden no início da reunião com Xi na Califórnia.
Esperava-se comprometimento dos dois líderes com o veto à incorporação da inteligência artificial em equipamentos militares autônomos como drones e armamentos nucleares. A ideia seria garantir que sempre haverá um humano para decidir se vai acionar armamentos nucleares.
Mas os líderes afirmaram que precisam de mais interação antes de divulgar algum texto conjunto.
Em fevereiro, os EUA lançaram a Declaração Política do Uso Militar Responsável de IA e Autonomia —36 países assinaram, mas a China não. Mesmo assim, Pequim demonstrou sua disposição de apoiar iniciativas diplomáticas sobre IA ao aceitar participar –e endossar– a declaração de Bletchley Park na Cúpula de Segurança de IA no Reino Unido, em 1º de novembro.
Há poucos dias, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, foi indagado sobre possível cooperação entre EUA e China para vetar a IA em comando e controle de armamentos nucleares. Ele não confirmou, nem negou, limitando-se a dizer: "Acreditamos que a IA não deve participar ou liderar decisões sobre quando e como uma arma nuclear deve ser usada."
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters