Investigação da Holanda aponta que Putin enviou míssil que derrubou avião civil na Ucrânia
Boeing com 298 pessoas a bordo foi abatido em 2014 na região do Donbass; todos os ocupantes morreram
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A comissão da Holanda que investiga a queda do avião da Malaysia Airlines na Ucrânia apontou nesta quarta-feira (8) a existência de "fortes indícios" de que o presidente russo, Vladimir Putin, teria aprovado o disparo do míssil que derrubou a aeronave em 2014.
Os promotores, entretanto, disseram que as evidências do envolvimento do chefe do Kremlin e de outras autoridades russas não são "suficientemente concretas" para levá-los à condenação criminal. Também anunciaram que encerrariam a investigação sem mais processos.
O Boeing 777 com 298 pessoas a bordo foi abatido por um sistema de mísseis Buk, de fabricação soviética, enquanto sobrevoava o leste da Ucrânia. À época, grupos separatistas iniciavam a disputa com as forças de Kiev pelo controle do Donbass —batalha que perdura até hoje, de forma central na Guerra da Ucrânia.
Em novembro, a Justiça da Holanda confirmou que a queda foi resultado do disparo de um míssil da Rússia e condenou a prisão perpétua dois russos e um ucraniano pela tragédia. Eles são acusados de terem transportado e ativado o sistema de mísseis que atingiu o avião, mas não necessariamente de ter disparado o artefato. Os dois russos são ex-agentes de inteligência, ou espiões, de Moscou, enquanto o ucraniano era um dos líderes separatistas.
A Rússia nega que apoiava os rebeldes já naquele período. Nesta quarta, porém, os promotores citaram uma ligação telefônica que teria sido interceptada, na qual autoridades da Rússia disseram que a decisão de apoiar militarmente os separatistas só poderia ser tomada pelo presidente russo.
Segundo os investigadores, Moscou chegou a adiar a decisão de enviar armas para os separatistas ucranianos porque, em junho de 2014, Putin estava na França para a celebração do desembarque das tropas aliadas numa praia da Normandia, na Segunda Guerra (1939-1945) —a aeronave foi abatida em julho.
"As descobertas sobre o envolvimento russo até o mais alto nível podem desempenhar um papel importante nos processos relacionados à responsabilidade deste Estado", disse a promotora holandesa Digna van Boetzelaer, acrescentando que a investigação "chegou ao limite" e que todas as pistas "foram esgotadas".
As investigações sobre a queda do avião foram lideradas pela Holanda, com a participação de Ucrânia, Malásia, Austrália e Bélgica. Com evidências limitadas, os investigadores não conseguiram identificar os soldados responsáveis por disparar o míssil que derrubou o avião, tampouco determinaram quais informações os separatistas tinham sobre a aeronave.
Após ser atingido pelo míssil, o avião caiu em chamas em uma plantação de milho em Donetsk. Nenhuma das pessoas a bordo sobreviveu. Em outubro, a província foi anexada ao território russo por referendos considerados ilegais pela Ucrânia e por aliados ocidentais.
"A comissão investigou tudo o que pôde sem a cooperação das autoridades russas e sem comprometer a segurança das pessoas", disse Andy Kraag, chefe do Departamento Nacional de Investigação Criminal da Holanda, mencionado pelo jornal The Washington Post.
A equipe que apurou o caso interrogou testemunhas, analisou imagens de satélite, obteve acesso a ligações telefônicas, entre outros dados. O promotor holandês Fred Westerbeke chegou a relatar que a área no leste da Ucrânia estava inacessível a eles, tornando o processo difícil.
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