El Salvador diz que número de homicídios caiu 50% em meio a guerra contra gangues
Cifra não considera possíveis membros das chamadas 'pandillas' mortos em confrontos com a polícia
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O número de assassinatos em El Salvador caiu quase 57% em 2022 em relação ao ano anterior, afirmou o governo do país nesta terça-feira (3). A administração do populista de direita Nayib Bukele atribui a diferença ao que descreve como sucesso na guerra contra as gangues.
Autoridades registraram, segundo as cifras oficiais, 496 homicídios em 2022, ante 1.147 em 2021, informou o ministro da Defesa, Francis Merino. A contagem não considera, porém, membros de gangues que morreram em confronto com a polícia —neste caso, subiria para cerca de 600.
O governo não forneceu a taxa de homicídio —índice que calcula o número por 100 mil habitantes, de modo a dimensioná-lo e permitir comparações com outros países de tamanhos distintos. Dados anteriores, de 2015, mostraram 103 assassinatos a cada 100 mil pessoas.
Bukele colocou em prática uma guerra declarada contra as "pandillas", ou maras, grupos armados que tradicionalmente acentuam a violência no país. O próximo mês de março marca o aniversário de um ano do regime de exceção decretado depois de um fim de semana em que foram registrados 87 assassinatos. A medida vem, desde então, sendo renovada periodicamente.
Como parte desse regime, diversos direitos constitucionais foram suspensos, e a presença militar se tornou mais frequente nas ruas, sempre sob a justificativa de combater as gangues Barrio 18 e MS-13. Ao menos 60 mil supostos membros das gangues foram detidos pelas forças de segurança.
ONGs de direitos humanos, como a Human Rights Watch, afirmam que a medida tem levado à violência generalizada e que Bukele, 41, um dos governantes mais jovens da região, está no caminho de um regime autocrático. O presidente goza de grande popularidade, com pesquisas apontando índices de aprovação superiores a 80%. Junto à queda de homicídios, o fator é usado para justificar as medidas.
"A redução é resultado do estado de exceção, uma vez que criminosos não estão mais nas ruas prejudicando a população", afirmou o ministro da Defesa.
ONGs também denunciam o cerco ao sistema de Justiça e à liberdade de imprensa no país centro-americano. Em maio passado, o Legislativo salvadorenho, dominado por partidários de Bukele, aprovou a destituição de cinco juízes da Suprema Corte críticos ao presidente.
No que tange a imprensa, a Assembleia também aprovou uma lei que permite punir com sentenças de 10 a 15 anos de prisão a divulgação de mensagens atribuídas ou ligadas a gangues na mídia, o que foi considerado por jornais locais, como o renomado El Faro, uma prática de censura. Jornalistas do país também denunciam internacionalmente que tiveram seus celulares hackeados pelo Pegasus, software de espionagem produzido por uma empresa de Israel. O governo de Bukele nega estar envolvido no caso.
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