Saiba como foi a entrada de 2023 em locais sob tensão no mundo
Russos e ucranianos não celebram virada; na China, população relata preocupação com Covid
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A esperança pelo fim da guerra foi renovada sob clima de tensão e medo na passagem para o Ano-Novo na Ucrânia e na Rússia, países que se enfrentam há mais de dez meses. Na China, a chegada de 2023 foi comemorada com preocupação relacionada à explosão de novos casos de coronavírus.
A noite em Moscou foi silenciosa, sem as tradicionais celebrações com fogos de artifício na Praça Vermelha, no coração da cidade. Em meio à guerra com a Ucrânia, as autoridades fecharam a praça justificando restrições para combater a Covid-19 e reforçaram o efetivo policial nas proximidades.
"Esperamos que haja paz mundial, por mais estranho que pareça em tal situação", disse Alexander Tsvetov, morador de Moscou, à agência de notícias Reuters. "Esperamos que as pessoas dos dois lados do conflito fiquem felizes".
Com a Praça Vermelha fechada, os moscovitas se limitaram a caminhar pelas ruas molhadas da cidade visitando os mercados de Natal e admirando as vitrines e árvores iluminadas e decoradas com bugigangas.
"Não devemos fingir que nada está acontecendo. Nosso povo está morrendo lá [na Ucrânia]. Um feriado está sendo comemorado, mas deve haver limites", disse Yelena Popova, 68. Ela acredita que o cancelamento da queima de fogos deve ser interpretada como um ato de solidariedade às vítimas do conflito. "Tenho certeza de que os eventos inesperados, duros e agressivos serão moderados. No próximo ano teremos uma virada para melhor".
Até o discurso do presidente Vladimir Putin foi diferente dos anos anteriores. Foram nove minutos de discurso, o mais longo que já fez desde que assumiu o poder, inicialmente em 2000. O tom combativo também não lembrou as falas em geral mais festivas —o presidente gravou a mensagem ao lado de militares em um quartel-general, não sozinho no Kremlin.
O líder afirmou que a "justiça moral e histórica" está ao seu lado e que Rússia está lutando na Ucrânia para proteger sua pátria e garantir a "verdadeira independência" de seu povo. Paralelamente, mísseis aterrorizavam a população da Ucrânia.
Foram relatadas explosões em todo o país e ao menos uma pessoa morreu. Por óbvio, não houve festas oficiais ou queima de fogos para o Ano-Novo no país invadido. Em vez de celebrações, parte da população continuou lutando pela sobrevivência no inverno rigoroso e enfrentando falta de energia, de aquecimento e de água corrente. Na quinta, autoridades informaram que 40% de Kiev estava no escuro.
O tom bélico também marcou o Ano-Novo na Coreia do Norte. Militares do país dispararam o primeiro míssil de 2023 poucas horas após a virada. Segundo autoridades sul-coreanas, um míssil balístico de curto caiu no mar, sinalizando que o vizinho manterá uma postura de ameaça em 2023.
Também na Ásia, milhares de pessoas na China se reuniram no centro de Wuhan, primeiro epicentro da pandemia, pela primeira vez na crise sanitária. Quase todos os presentes usavam máscara de proteção contra o coronavírus, em meio à explosão de casos que preocupa o país —as infecções vêm aumentando desde que o regime flexibilizou a política de Covid zero.
De acordo com estimativa da empresa de dados de saúde Airfinity, com sede no Reino Unido, aproximadamente 9 mil chineses estão morrendo pela doença todos os dias.
"Estou com medo", disse uma senhora de sobrenome Jin, referindo-se à possibilidade de ser reinfectada. "Eu ainda tenho receio, mas como todos saíram, decidi sair também".
Apesar da onda de Covid, milhares de pessoas soltaram balões no céu quando os relógios marcaram meia-noite, como manda a tradição na cidade do centro da China onde a pandemia começou há três anos.
"No ano passado, sentia que o Covid-19 era muito séria e alguns de meus familiares foram hospitalizados", disse à Reuters um estudante de 17 anos do ensino médio de Wuhan, de sobrenome Wang. "Espero que fiquem saudáveis neste ano novo".
Na cidade de Xangai, que também enfrentou bloqueios na pandemia, muitas pessoas se aglomeraram para a virada do ano. Mas, segundo comerciantes, o movimento não igualou ao de anos anteriores.
"Estou ansiosa para o Ano Novo, mas também estou muito nervosa", disse a professora Lily Zhao, 37, moradora de Wuhan. "Me pergunto quando esta pandemia terminará completamente."
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