Em 100 dias, refugiados da Guerra da Ucrânia já representam um Rio de Janeiro
Compare o fluxo de refugiados que deixou o país em direção a vizinhos com a população de cidades brasileiras
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A Guerra da Ucrânia, que nesta sexta-feira (3) completa cem dias, já forçou ao menos 6,8 milhões de pessoas a deixarem suas casas em busca de segurança em países vizinhos. É como se toda a população da cidade do Rio de Janeiro tivesse fugido.
O número, que representa 15% da população ucraniana de antes do conflito, não conta os deslocados internos, que se mudaram para outras cidades —estes são mais 8 milhões. As cifras fazem o conflito no Leste Europeu responder pela maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, com um fluxo poucas vezes visto em situações semelhantes.
Desde o início da guerra, o Acnur, agência de refugiados das Nações Unidas, faz uma compilação com dados fornecidos pelas autoridades em pontos nas fronteiras. Nesse período, estima-se que 2,2 milhões de pessoas fizeram o caminho inverso, em direção à Ucrânia —parte é composta por ex-refugiados que voltaram para casa, mas não é possível afirmar quantas.
Para dimensionar o drama humano por trás dos números de refugiados, a Folha comparou esses deslocamentos em massa com a população de cidades brasileiras.
A Polônia foi o país que mais recebeu refugiados da Ucrânia. Ao todo, 3,63 milhões de pessoas cruzaram a fronteira desde o início do conflito buscando se estabelecer no vizinho. Se toda a população de Brasília tivesse se deslocado, não atingiria esse número.
Curioso notar que o segundo país que recebeu o maior fluxo de ucranianos em fuga é a potência militar que iniciou o conflito. Na Rússia, o número de refugiados se aproxima de 1 milhão: são 971,4 mil pessoas, mais do que o total de habitantes de Duque de Caxias, cidade vizinha à capital fluminense e terceira cidade mais populosa do Rio de Janeiro.
Cruzaram a fronteira com a Hungria 682,6 mil pessoas vindas da Ucrânia, um contingente que supera o total de moradores da capital sergipana, Aracaju.
Os 563,6 mil refugiados que se deslocaram em direção à Romênia se aproximam numericamente dos 577,5 mil habitantes da cidade mineira de Juiz de Fora, a quarta mais populosa do estado.
Saíram da Ucrânia para a Moldova 479,5 mil pessoas, quase o total de habitantes da cidade de Mauá, na Grande São Paulo.
Rumo à Eslováquia, o número estimado é de 461,2 mil refugiados, contingente que supera a população da cidade paulista de Mogi das Cruzes.
Uma ditadura aliada de Moscou recebeu o menor número de pessoas saídas da Ucrânia, considerando apenas os vizinhos diretos da nação invadida. Mesmo assim, as 16,6 mil pessoas que se deslocaram para a Belarus superam numericamente os moradores da Barra Funda, bairro da zona oeste de São Paulo.
Somados esses fluxos, os 6,8 milhões de pessoas que deixaram a Ucrânia durante os cem dias de conflito superam a população da cidade do Rio de Janeiro.
O levantamento leva em consideração apenas quem cruzou a fronteira terrestre da Ucrânia em direção a países vizinhos —ou seja, não entram na conta as pessoas que saíram por via aérea ou marítima. Da mesma forma, os números não abarcam um possível trânsito dos refugiados depois de deixar a Ucrânia em busca de abrigo definitivo, em outra nação próxima ou mais distante, como o Brasil.
Até 14 de abril, haviam sido reportados ao menos 67 pontos de travessia nas fronteiras da Ucrânia.
Gráficos elaborados com dados compilados até 31.mai.22. A posição dos pontos na área de cada município é aleatória. A população dos municípios brasileiros considera a projeção estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para o ano de 2021.
*População do distrito segundo o Censo de 2010
Fontes: United Nations Office for the Coordination of Humanitarian Affairs, IBGE e Prefeitura de São Paulo
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