Cobertura de eleição na Índia revelou semelhanças com cenário brasileiro
Resultado final da maior eleição do mundo sai nesta quinta-feira (23)
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Uma eleição que tem 900 milhões de eleitores, 372 partidos e dura 38 dias, em um país onde se falam 22 idiomas oficiais.
No pleito, são eleitos 543 legisladores da Lok Sabha, espécie de Câmara dos Deputados —outros 2 são nomeados, em um total de 545.
O partido que obtém a maioria dos deputados forma o governo e indica o primeiro-ministro. Se nenhum partido alcançar, sozinho, a maioria, formam-se coalizões.
A eleição da Índia, a maior do mundo, não poderia ser mais diferente da brasileira. Ou será que não?
Ao cobrir a campanha eleitoral indiana, descobri incríveis semelhanças entre os cenários políticos do Brasil e da Índia.
Eleitores frustrados com as denúncias de corrupção contra o partido governante resolvem apostar em um político carismático que promete destravar a economia do país. Assim, um líder populista de direita derrota um partido de centro-esquerda que estava no poder há muitos anos.
Parece familiar?
Cinco anos depois de sua vitória avassaladora na eleição de 2014, o primeiro-ministro Narendra Modi e seu partido, o BJP, tentam repetir a façanha.
Para isso, contam com a mobilização de eleitores religiosos, ao enfatizar pautas conservadoras importantes para esse segmento da população. Atacam a imprensa tradicional, que acusam de propagar fake news, e a polarização atinge níveis inéditos no país.
Por fim, usam milhares de grupos de WhatsApp de apoiadores para distribuir suas mensagens e vídeos aos eleitores.
Já viram isso em algum lugar?
Nos dois países, o desempenho da economia deixa a desejar e atinge a popularidade dos governantes. No entanto, enquanto o Brasil patinou com crescimento de 1,1% em 2018, a Índia avançou 7% —a se acreditar nas estatísticas oficiais, alvo de polêmica. O desemprego, na Índia, está em 6,1%. No Brasil, mais que o dobro —12,7%.
No domingo (19), foi realizada a sétima e última rodada de votação. Pesquisas de boca de urna indicam que o BJP e seus aliados devem, juntos, ultrapassar o número mágico de 272 assentos necessários para controlar o governo.
Vale ter cuidado, porque esses levantamentos já erraram muitas vezes. O resultado final sai nesta quinta-feira (23).
Mas, tudo indica que a maioria dos eleitores indianos decidiu renovar a aposta em um carismático líder de direita populista, muito embora a economia não esteja tão bem quanto esperavam.
Como pode um país tão diferente do Brasil ter, ao mesmo tempo, tantas semelhanças? Quem sabe a eleição indiana pode nos dar também alguns lampejos sobre o que pode ser o nosso futuro político.
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