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Dólar encosta nos R$ 5,06 e renova maior valor do ano em dia de ajustes após feriado

Dados de inflação nos Estados Unidos e de atividade econômica na China impactam mercado

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São Paulo

O dólar subiu 0,88% e terminou a sessão desta segunda-feira (1°) cotado a R$ 5,058, acompanhando a forte alta dos títulos do Tesouro americano, os chamados "treasuries", em dia de ajustes após o feriado de Páscoa. Na Bolsa brasileira, o Ibovespa caiu 0,87%, fechando o pregão aos 126.990 pontos.

A alta dos treasuries tende a valorizar o dólar pois aumenta o retorno da renda fixa dos EUA e, consequentemente, atrai mais recursos para o país. Na lógica inversa, o movimento pesa contra mercados de maior risco, como a renda variável no Brasil, impactando o Ibovespa.

Como pano de fundo, dados de inflação divulgados na sexta (29) mostraram resiliência da alta de preços nos Estados Unidos.

Além disso, nesta manhã, foram divulgados números sobre o setor industrial americano, que cresceu pela primeira vez em um ano e meio em março. O chamado PMI (Índice de Gerentes de Compras) industrial aumentou para 50,3, na maior leitura desde setembro de 2022 e acima das projeções de 48,5 do mercado.

Os últimos números reforçaram a narrativa de aquecimento da economia americana, reduzindo apostas de uma possível antecipação do corte de juros nos EUA, o que contribuiu para a alta dos treasuries. O rendimento dos papéis saía de 4,02% para 4,32% no fim da tarde.

O mercado foi impactado, ainda, pela baixa liquidez da sessão em dia de feriado na Europa.

Na ponta positiva, a Vale, empresa de maior peso no índice, registrou alta, após dados positivos de atividade econômica na China.

Mercado avalia relatório trimestral da inflação no Brasil divulgado pelo Banco Central - Dado Ruvic/Reuters

De acordo com o analista Leandro Ormond, da Aware Investments, a semana começou com dados nos EUA sugerindo uma atividade econômica forte e prevê divulgações que podem dar mais pistas sobre a política monetária global à frente, com destaque para números do mercado de trabalho dos EUA na sexta-feira.

Dados do Departamento de Comércio dos EUA do final da semana passada —divulgados quando boa parte dos mercados globais estava fechada para a Sexta-feira Santa— mostraram que o índice de preços PCE, o indicador de inflação preferido do Federal Reserve, subiu 0,3% em fevereiro. Economistas esperavam alta de 0,4%, de acordo com pesquisa da Reuters.

"Se os dados ao longo da semana vierem indicando uma atividade econômica ainda resiliente, as expectativas do início do corte de juros no exterior podem ser novamente revistas", afirmou, avaliando que isso também pode fazer com que o mercado reavalie as expectativas para a Selic nos próximos meses.

Além disso, acrescentou Ormond, com juros altos por mais tempo no exterior, o fluxo de saída do capital estrangeiro pode continuar pressionando as ações na bolsa paulista. No acumulado do ano, o saldo de capital externo na B3 está negativo em quase R$ 23 bilhões.

De acordo com economistas do Bradesco, a condução da política monetária nos EUA permanece como o principal tema global e o PCE não parece ter mudado a percepção de investidores de que a autoridade cortará os juros em meados do ano.

Na esteira dos números, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, disse que a leitura está "na linha do que gostaríamos de ver", embora tenha voltado a alertar que o banco central não reagirá de forma exagerada às informações que recebe.

"Os títulos de dez anos dos EUA subiram quase 3%, os juros futuros locais também subiram bastante, e o próprio dólar foi a um patamar que ele não chegava a bastante tempo. O mercado todo está sentindo esses dados e a fala de Powell", afirma Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Enquanto isso, a atividade industrial da China expandiu-se no ritmo mais rápido em 13 meses em março, ficando acima das expectativas, com a confiança empresarial atingindo um pico em 11 meses, mostrou uma pesquisa privada de Índice de Gerentes de Compras (PMI) nesta segunda-feira.

Com Reuters

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