Onda de calor danificou 20 equipamentos em subestações de Furnas
Em dois casos, houve corte no fornecimento de luz; sindicatos acusam falta de manutenção
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A onda de calor que atingiu as regiões Sudeste e Centro-Oeste na última semana danificou ao menos 20 equipamentos em subestações de energia de Furnas, subsidiária da Eletrobras. Em dois casos, houve cortes no fornecimento de energia.
Lista interna obtida pela Folha tem ocorrências de explosões e princípios de incêndio em transformadores e disjuntores em São Paulo e no Rio de Janeiro. O sindicato dos trabalhadores de Furnas acusa a empresa de ter reduzido as manutenções preventivas após a privatização da Eletrobras.
No dia 13, a explosão de um transformador na subestação de Campos deixou 19 cidades da região noroeste do Rio sem luz por até duas horas e 40 minutos. No sábado (18), uma série de ocorrências em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, afetou a região e bairros da zona norte da capital.
Dos 20 equipamentos danificados, 18 funcionam acima de sua vida útil, mas o diretor do SindFurnas Renato Fernandes diz que esse não seria o principal problema. "Após a privatização, a empresa deixou de fazer manutenções preventivas. Não tem pessoal suficiente para isso", afirma.
Furnas diz, em nota, que "o alto consumo de energia leva os equipamentos elétricos a operar em condições mais próximas de seus limites, o que, associado às temperaturas mais elevadas, submete-os a estresses térmicos excessivos".
"As equipes trabalharam diuturnamente no sentido de minimizar os riscos de suprimento às distribuidoras locais e, consequentemente, de atendimento à população", continuou a empresa.
"Os equipamentos que apresentaram falhas foram substituídos, e a Eletrobras permanece atenta às condições de operação às quais os seus equipamentos estão sendo submetidos, mantendo, assim, o seu compromisso de garantir a máxima disponibilidade de seus ativos."
Segundo Furnas, a Eletrobras investiu nos últimos três anos R$ 3,9 bilhões em reforços e melhorias das instalações de suas subsidiárias. Em 2022, após a privatização, diz, o aporte chegou a R$ 1,8 bilhão, cerca de 50% acima do valor de 2021, R$ 1,2 bilhão
A onda de calor levou o país a bater dois recordes seguidos de demanda de energia durante o horário de pico da tarde na semana passada, sobrecarregando o sistema elétrico brasileiro. São Paulo também chegou a ter problemas no fornecimento por falhas na rede de transmissão.
Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a demanda bateu 101.437 MW (megawatts) às 14h24 do dia 14. O valor é pouco superior aos 100.955 MW atingidos no dia anterior, que havia superado o último recorde, de 97.659 MW, medido em 26 de setembro deste ano.
O calor excessivo contribuiu para a intensificação das ocorrências, diz Fernandes, mas o problema não foi percebido em outras empresas do setor. "Se as manutenções estivessem sendo feitas de acordo com o necessário, principalmente nessa época do ano, a gente não teria esses eventos", diz.
No primeiro ano após a sua privatização, a Eletrobras cortou em 21% seu quadro de funcionários, por meio de programas de demissão voluntária (PDVs). Ao todo, foram 2.348 desligamentos desde o terceiro trimestre de 2022, o primeiro totalmente sob gestão privada.
O enxugamento do quadro é anterior à privatização: em 2016, quando o grupo Eletrobras tinha cerca de 24 mil empregados.
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