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A indústria foi o setor que recebeu a maior parcela dos desembolsos em financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no primeiro trimestre de 2023.
Considerando somente o período de janeiro a março, é a primeira vez que isso ocorre em dez anos, ou seja, desde 2013.
O resultado veio em meio à troca de comando no banco público. Desde que tomou posse, no início de fevereiro, o presidente do BNDES no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Aloizio Mercadante, vem sinalizando que a indústria será um dos focos da nova gestão.
De janeiro a março de 2023, os desembolsos do banco para diferentes setores somaram R$ 19,1 bilhões. Dessa quantia, a parcela de 32% (R$ 6,1 bilhões) foi destinada à indústria.
Assim, o segmento ficou à frente do setor de infraestrutura, que recebeu 28,9% dos desembolsos (R$ 5,5 bilhões). O ramo de infraestrutura reúne atividades como energia elétrica, construção, transportes e telecomunicações.
Comércio e serviços (19,8% ou R$ 3,8 bilhões) e agropecuária (19,2% ou R$ 3,7 bilhões) fecharam a lista dos setores no primeiro trimestre deste ano.
A área de infraestrutura vinha recebendo a maior parcela dos desembolsos do BNDES no período de janeiro a março. De 2014 a 2022, esse setor foi o que mais obteve recursos no primeiro trimestre em 8 dos 9 anos.
A exceção foi 2020. À época, a agropecuária teve a maior parcela dos desembolsos do BNDES no primeiro trimestre.
Em uma comparação com diferentes intervalos da série histórica, o período de janeiro a março de 2023 foi o primeiro desde o quarto trimestre de 2016 com a indústria na liderança do ranking dos setores.
Em nota, o BNDES classificou o avanço da participação industrial neste ano como "aumento significativo". Esse resultado, segundo o banco, foi puxado pelo crescimento dos desembolsos para as fábricas em março.
De acordo com a instituição, a expectativa é ter um aumento na representatividade da indústria nos financiamentos no médio e longo prazos.
"Espera-se que ocorra um incremento da participação da indústria nos desembolsos do BNDES no futuro, tendo em vista as medidas de fortalecimento da indústria, incluindo a construção de uma agenda positiva juntamente com o Executivo e o Congresso", diz a nota.
Em valores correntes (sem o ajuste pela inflação), os desembolsos do banco para diferentes setores passaram de R$ 14,8 bilhões no primeiro trimestre de 2022 para R$ 19,1 bilhões em igual período de 2023. A alta foi de aproximadamente 29%.
Nessa mesma base de comparação, os desembolsos para a indústria subiram cerca de 85% (de R$ 3,3 bilhões para R$ 6,1 bilhões). Enquanto isso, os recursos para infraestrutura recuaram em torno de 5% (de R$ 5,8 bilhões para R$ 5,5 bilhões).
Em comércio e serviços, houve alta de cerca de 30% (de R$ 2,9 bilhões para R$ 3,8 bilhões). Na agropecuária, o avanço foi de aproximadamente 33% (de R$ 2,8 bilhões para R$ 3,7 bilhões).
"A indústria havia perdido espaço dentro dos desembolsos do banco. O aumento da participação é um prenúncio da reorientação do BNDES", avalia o professor João Prates Romero, do Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional), da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Ele considera positivo o incremento dos recursos para as fábricas, mas avalia que essa medida precisa mirar em segmentos específicos, como os associados a transformações tecnológicas, por exemplo.
"Espero que essa retomada da indústria seja por meio de uma indústria mais de ponta", afirma.
Dos R$ 6,1 bilhões desembolsados pelo BNDES para as fábricas no primeiro trimestre de 2023, a maior parcela ficou com o subsetor de material de transporte. Essa atividade recebeu o equivalente a 42,6% (R$ 2,6 bilhões) da quantia destinada à indústria.
Anúncio de nova linha de crédito
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Mercadante indicou na semana passada que o BNDES pretende ampliar as opções de crédito para a indústria.
Segundo ele, um anúncio nesse sentido está previsto para ocorrer na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na quinta-feira (25), data que celebra o Dia da Indústria.
Ao tocar nesse ponto, Mercadante também lembrou que o banco destinou neste mês mais R$ 2 bilhões para uma linha de crédito voltada para agricultores com recebíveis em dólar. A modalidade foi lançada em abril, com disponibilidade inicial de R$ 2 bilhões.
"Vamos lançar uma linha semelhante, uma para exportação para a indústria e outra para financiar a indústria exportadora. É o que posso fazer hoje sem recursos do Tesouro", disse Mercadante no Roda Viva.
"Vamos lançar dia 25, na Fiesp, uma linha muito forte de apoio nas mesmas condições que fizemos para a agricultura. Vocês vão ver, não posso falar ainda, mas também vamos ampliar o financiamento da agricultura", afirmou na ocasião.
Em seu discurso de posse, em fevereiro, o presidente do BNDES elogiou o fato de o Brasil ser a "fazenda do mundo", em uma referência à capacidade nacional de produção de alimentos.
O petista, contudo, disse que o país não poderia ser somente a fazenda e avaliou que bens industriais de alto valor agregado seriam essenciais para o desenvolvimento.
Como mostrou a Folha, o BNDES desembolsou em 2022 mais recursos em financiamentos para a agropecuária do que para a indústria pelo quinto ano consecutivo.
Esse movimento começou em 2018, no governo Michel Temer (MDB), e continuou ao longo do mandato de Jair Bolsonaro (PL).
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