Fintech inglesa Revolut inicia operações no Brasil com conta global e criptomoedas
Alta dos juros globais levou empresa a começar de forma mais conservadora no país, diz CEO
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Após cerca de um ano desde o anúncio de sua chegada ao Brasil, a fintech de origem inglesa Revolut inicia agora de maneira oficial a operação no mercado local.
Com 29 milhões de clientes globalmente e um valor de mercado de US$ 33 bilhões (R$ 166 bilhões) na última rodada de captação em 2021, as operações da Revolut começam no país com duas vertentes principais.
Uma delas é um cartão de débito pré-pago global, em que o cliente pode fazer transações internacionais com 27 moedas, com vantagens como a compra de dólar baseada na cotação comercial e não para turismo, aceitação em cerca de 150 países e com tributação reduzida —por meio de diferentes carteiras para cada uma das moedas no aplicativo.
Assim, os 5,38% do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) caem para 1,1%, já que passa a ser uma transferência internacional entre contas de mesma titularidade. Além disso, o cliente com saldo em dólar pode fazer a transação para as outras moedas no aplicativo sem custos adicionais, até o limite de R$ 27 mil por mês.
A retomada das viagens ao exterior após a pandemia deve contribuir para o aumento da demanda por carteiras globais, diz Glauber Mota, CEO da Revolut no Brasil. "Todo o estresse econômico do ponto de vista de volatilidade, inflação, dúvidas sobre taxações aumentou a demanda do brasileiro por se posicionar em moeda forte", diz o executivo.
A outra vertical de atuação da fintech neste primeiro momento se dará na área de criptoativos, com a oferta inicial de 90 tokens diferentes, mercado em que a empresa também enxerga um grande potencial de expansão entre os brasileiros nos próximos anos.
Segundo Mota, apesar da concorrência elevada, a fintech avalia que há espaço para oferecer um serviço de melhor qualidade para o cliente que quer fazer operações de câmbio e com criptoativos. "Apesar das várias soluções, ainda têm muitas oportunidades para servir melhor", afirma Mota.
O CEO da Revolut no Brasil não abre quantos clientes estão na fila de espera criada pela fintech para o cadastro dos interessados em se tornar cliente.
"Estamos começando o onboarding [chamada dos clientes] em grande escala das milhares de pessoas na lista de espera", afirma o executivo. Ele diz que serão "muitas milhares de pessoas" chamadas semanalmente, acrescentando que "vai demorar bastante para a gente conseguir colocar todo mundo" que está na lista de espera.
Ele diz ainda que está nos planos da Revolut passar a oferecer crédito aos clientes no futuro, com uma solicitação já feita ao Banco Central para autorizar sua atuação como SCD (Sociedade de Crédito Direto) no país.
"A ambição da empresa é se tornar um banco global com serviços locais", afirma Mota, acrescentando que a escolha nesse desembarque inicial foi por oferecer os produtos no qual a fintech já conta com vantagens competitivas no exterior. Assim consegue ganhar presença no mercado local para então partir para serviços que já contam com maior oferta na região, diz o executivo.
Ele afirma que o ambiente de alta dos juros no exterior, com redução da liquidez no mercado e impacto para os negócios de tecnologia de modo geral, fez com que a Revolut optasse por uma abordagem mais conservadora na chegada ao Brasil.
Se antes do início do processo de aumento dos juros, a Revolut poderia optar por uma estratégia mais agressiva, com maiores despesas com marketing, a ordem do dia é reduzir os gastos com anúncios e apostar no crescimento natural de engajamento entre os clientes. Com a alta dos juros, a empresa "acabou sendo obrigada a pensar melhor a estratégia", diz Mota, que antes do cargo atual estruturou a plataforma digital do BTG Pactual.
O executivo afirma que o intervalo dos últimos 12 meses, desde o anúncio da chegada ao país, serviu para montar toda a estrutura da operação local da Revolut, como pessoal, tecnologia, compliance e definição das estratégias comerciais.
Hoje o time é formado por 50 colaboradores no país, que têm se destacado dentro da empresa em escala global. Por conta disso, a Revolut decidiu criar um hub de tecnologia no Brasil para atuar no desenvolvimento de tecnologias que poderão ser exportados para outros países, afirma Mota. "O Brasil está se tornando um pool de talento para a Revolut global", diz o executivo.
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