Brasil pode ser líder em economia de carbono neutro, diz Jorge Caldeira
Escritor, recém-eleito para ABL, defende uso econômico da Amazônia e reflorestamento como meio de gerar renda
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O Brasil tem hoje uma oportunidade secular de se tornar a nação líder da economia de carbono neutro, afirma o escritor Jorge Caldeira, 67, em entrevista à Folha.
Doutor em ciência política pela USP e recém-eleito para a cadeira 16 da ABL (Academia Brasileira de Letras), anteriormente ocupada por Lygia Fagundes Telles, Caldeira é especialista em história econômica e autor de 20 obras, entre as quais "Mauá: Empresário do Império" e "História da Riqueza no Brasil".
Seu livro mais recente, "Brasil: Paraíso Restaurável", escrito em coautoria com Julia Marisa Sekula e Luana Schabib, discute como, em razão da crise climática, a natureza deixou de ser vista como um repositório infinito de recursos e passou a ser valorizada economicamente.
Caldeira defende que, para aproveitar seu potencial ambiental, o país deve intensificar o uso econômico da Amazônia, financiando a preservação da floresta com recursos oriundos da compensação de emissões de carbono. "O interesse nacional do Brasil é plantar árvores no país inteiro. Essa é a atividade econômica que vai gerar emprego e renda para os brasileiros", diz.
As concepções ultrapassadas sobre o assunto, afirma, são um dos entraves que o país precisa enfrentar. "O Estado no Brasil está bem montado para resolver os problemas de 1970, mas pessimamente montado para dar futuro em 2050 para o Brasil."
O escritor é um dos convidados do Fronteiras do Pensamento deste ano. Sua conferência online estará disponível na plataforma do ciclo de debates da próxima segunda-feira (8) até 15 de dezembro.
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