Kendrick Lamar e Depeche Mode animam espanhóis em shows no Primavera Sound
Rapper fez apresentação solitária e enigmática, enquanto banda lembrou a perda de tecladista no festival agora em Barcelona
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Kendrick Lamar deixou os espanhóis boquiabertos na noite desta sexta-feira, ao apresentar seu hip-hop com elementos de jazz, funk e soul, em seu esforço de resumir a cultura afro-americana em um punhado de canções, como já havia feito em seus discos.
Na maior parte do tempo, Lamar está absolutamente sozinho no palco. E parece ser o cara mais calmo do Parc del Fòrum, em frente às praias de Barcelona. Ele não corre, não grita, não provoca o público, apenas solta palavras na velocidade de um liquidificador e, entre canções, fica ali quieto por meio minuto olhando para o nada, imóvel.
Ele e o Depeche Mode fizeram dois grandes espetáculos na segunda noite do Primavera Sound Barcelona 2023, visivelmente mais cheia do que a primeira. Neste sábado, tocam St. Vincent, Calvin Harris, The War on Drugs, The Voidz, Maneskin e a estrela espanhola absoluta Rosalía.
A Amazon Music transmite ao vivo alguns desses shows a partir das 14h30, no horário de Brasília, em seus canais na plataforma Twitch ou por meio do Prime Video. Não é preciso ser assinante.
Lamar cantou com uma enorme cortina, que ocupava toda a área do palco, aparentemente pintada à mão, que mostrava dois negros sentados, um deles com uma camiseta escrito Califórnia, estado natal do artista americano. Bem pequena, no alto, era possível ler na pintura a intimidadora inscrição "tiros de advertência não são necessários".
A solidão de Lamar, enquanto cantava hits como "Die Hard", Count Me Out", "Rich Spirit", "King Kunta", "Bitch Don’t Kill My Vibe" e "N95" era interrompida raramente por alguns dançarinos. E só.
Não ficou claro se havia uma banda atrás da cortina ou se ele cantava em cima de instrumentos pré-gravados apenas. A imprensa, inclusive, se dividiu na questão, com a versão em língua catalã da revista Time Out cravando que se tratava de bases programadas.
O crítico do diário El País, no entanto, garantiu ter identificado "músicos ocultos, como a orquestra na ópera, que só eram percebidos pelo som acústico da bateria e alguns arranjos, como a guitarra por exemplo, que diferenciavam o som ao vivo das faixas gravadas".
Imediatamente antes de Lamar foi a vez do Depeche Mode. Elegantérrimos, se pudermos descrever o show com um adjetivo não dicionarizado. A banda acaba de lançar seu primeiro disco como um duo, após a morte do tecladista Andrew Fletcher. Mas não calcou a apresentação em cima de "Memento Mori".
Dave Gahan, o vocalista, e Martin Gore, guitarrista e principal compositor, tocaram apenas as três primeiras do novo álbum e abriram espaço para os hinos do eletrônico underground que fizeram a fama mundial dos britânicos.
"Walking in My Shoes", "It’s No Good", "Enjoy the Silence", "Never Let Me Down Again" e "Personal Jesus" estavam todas lá, incluindo a seminal "I Just Can’t Get Enough", que abriu o bis.
Em uma hora e 40 minutos, com muito lápis nos olhos, Gahan e Gore dominaram o vasto público em frente ao palco principal. Gore, com sua guitarra minimalista, executou os riffs de suas conhecidas canções com economia e segurança.
Já Gahan rodopiou e rebolou de costas para a plateia com seu colete brilhante e colorido na parte de trás, azul na primeira parte, rosa na segunda. Dançou sem parar e até imitou um Frankenstein ameaçador com as mãos para cima. No bis, voltou sem camisa, mas ainda de colete, para revelar suas enormes tatuagens.
A Fletcher —morto há um ano após rompimento da aorta— eles dedicaram "World in My Eyes", sua favorita, enquanto os telões exibiam uma foto do tecladista envelhecendo.
A nova "Ghosts Again" contou com a exibição do emblemático videoclipe da canção. Nele, Gahan e Gore reencenam o filme "O Sétimo Selo", lançado em 1957 e de Ingmar Bergman, no qual um cavaleiro medieval aposta sua vida em um jogo de xadrez com a morte. A mensagem é clara —a vida acaba ali na esquina.
O jornalista viajou a convite da Amazon Music
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters