Erykah Badu se apresenta para público jovem e mostra que ainda pode comover
A cantora de neo soul fez show quente em São Paulo para geração nascida nos anos 1990
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Com seu chapéu preto característico, Erykah Badu saudou o público de São Paulo na noite desta quinta (21). A cantora de neo soul fez um show quente, com duas horas de duração, em seu retorno ao Brasil, no Espaço das Américas.
Ela não se apresentava por aqui desde 2013 e, mesmo sem promover novos discos ou músicas, encontrou uma plateia numerosa —recheada de músicos, entre eles Caetano Veloso, Mano Brown e Jorge Ben Jor–, que enfrentou trânsito para chegar na Barra Funda. O atraso de cerca de 45 minutos da cantora acabou contribuindo, já que a casa estava bem mais cheia quando ela começou do que no horário marcado (22h).
Badu começou com uma vinheta da mixtape "But You Can't Use My Phone", de 2015, único trabalho que ela lançou desde que tocou no Brasil pela última vez. O projeto tem 11 faixas, todas de alguma forma relacionadas ao conceito de telefone.
Uma delas, "Hello", foi logo a primeira, sem os versos de Andre 3000, rapper do OutKast e ex-marido de Badu. Singela, a música –baseada em um sample de "Hello, It's Me", dos Isleys Brothers– celebra a sintonia da dupla, que se separou em 1997 depois de ter um filho.
Raro projeto recente de Badu, muito mais ativa nas décadas de 1990 e 2000 do que nesta, o álbum resgata os aspectos futuristas da cantora. Enquanto ela cantava, o telão simulava o monitor de um computador antigo com defeito.
A visão à frente de Badu, inclusive, foi uma das características que a impulsionou no começo da carreira. Em "Baduizm" (1997) e "Mama's Gun" (2000), a cantora trouxe o soul e o R&B para o novo milênio, com canções viajadas e reflexivas que são uma forma própria de afrofuturismo.
Se, no show, a voz se Badu atualmente soa muito menos lúdica que nos discos, a banda a ajudou a manter o clima. Algumas faixas, como o medley com "On & On" e "...& On", foram mais arrastadas e recheadas de percussão, dos tambores às batidas eletrônicas. Algumas músicas acabaram soando até mais psicodélicas em cima do palco.
Até por isso, seu show foi menos pop que o de Lauryn Hill, contemporânea de Badu que tocou em maio no mesmo espaço. Lauryn teve um público maior (8.000 contra 7.000) e mais participativo.
Badu então emendou a sequência mais românticas do set, com "Appletree", "No Love" e "Next Lifetime", quando teve o público na mão. Mas o momento mais catártico foi no fim, com "Didn't Cha Know", possivelmente a música mais conhecida de Badu.
"Essa eu fiz quando estava na casa de um amigo, [J] Dilla", ela disse, lembrando o lendário produtor de hip-hop, morto em 2006. "Estava olhando os discos e coloquei a música. Ele pôs o beat, com um baixo lindo."
Badu ainda disse que sempre que está em São Paulo vai ao interior "se conectar com a natureza".
Também fez jus à fama de "bruxa", pedindo ao público para levantar as mãos em uma troca de energias.
Depois dos pedidos da plateia, ela voltou para um bis, com "Green Eyes", em que ela acabou no meio do público.
De volta ao Brasil depois de seis anos, Badu mostrou que mesmo sem uma produção tão intensa como no passado, ainda é capaz de comover plateias grandes por aqui. Mais ainda, que sua música ainda continua relevante e influente para gerações mais jovens que a dela. A cantora agora segue para o Rio de Janeiro, onde toca no sábado (23), no Armazém Utopia.
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