Cada vez mais badalada, praia de Jurerê, em SC, ganha mais um atributo: fica limpa o ano todo
Conhecida por grandes festas, local melhorou balneabilidade de regular ou ruim para boa neste ano em 6 pontos
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Festas de Réveillon com ingressos que chegam a R$ 2.000, carros importados e mansões. A praia de Jurerê, em Florianópolis (SC), agora ganha outro atributo para sua fama: a balneabilidade de seis dos sete pontos monitorados melhorou de regular ou ruim para boa de 2018 para 2019, incluindo a da badalada Jurerê Internacional.
Isso significa que as águas nesses locais foram consideradas próprias para banho em 100% do tempo entre novembro do ano passado e outubro deste ano.
Jurerê foi projetada na década de 1950 pelo arquiteto comunista Oscar Niemeyer, contratado por uma construtora.
Niemeyer idealizava uma praia sustentável para todos e não para um pequeno grupo. Ele projetou as largas avenidas e as alamedas arborizadas.
Os acessos exclusivos de pedestres, usados pelos veranistas até hoje, são uma herança de Niemeyer.
Um prédio projetado por ele para ser um restaurante foi demolido nos anos 1990 para dar lugar a um empreendimento de luxo, segmento que passou dominar a praia antes ocupada por pescadores e famílias que viviam da roça.
Os pontos que tiveram melhora mais significativa, com a balneabilidade saltando de ruim para boa, foram em frente à rua Luis Rampa e em frente à rua Valdemar Medeiros. Se antes estavam impróprias em até 50% do período monitorado, passaram para próprias em 100% do tempo.
As mudanças de regular (imprópria em até 25% do tempo) para boa foram registradas em frente à rodovia Maurício Sirotsky Sobrinho, à avenida Búzios e à avenida dos Salmões (Jurerê Internacional). O único ponto avaliado como regular fica em frente à rua das Moreias.
Embora plástico e sujeira deixados por visitantes não sejam raros, não é esse o critério para avaliar se uma praia é considerada própria para o banho. Para ser considerada adequada, não pode ter mais de mais de 1.000 coliformes fecais para cada 100 ml de água na semana de análise e nas quatro anteriores.
Portanto, um dos fatores que mais influenciam a balneabilidade é a rede de esgoto. Segundo a prefeitura de Florianópolis, desde 2018, na gestão do prefeito Gean Marques Loureiro (sem partido, antes MDB), o programa “Se Liga na Rede” tem feito inspeções nas ligações de esgotamento sanitários e pluviais dos imóveis da cidade.
Em caso de irregularidade, a prefeitura diz que orienta e dá condições para regularização.
“Nas regiões próximas aos balneários, o trabalho se torna ainda mais importante durante a temporada de verão, quando o fluxo de pessoas aumenta com o turismo na cidade. São mais de 50 ações semanais, e bairros do Norte da Ilha como Jurerê, Canasvieiras e Ingleses são roteiros frequentes dessas ações”, afirma a prefeitura.
A Folha esteve na região fim da tarde de um domingo de meados de janeiro, após um fim de semana de bastante sol. Plástico, canudo, tampinhas e embalagens estavam espalhados pela areia.
No entanto, a sujeira deixada pelos veranistas parecia não atrapalhar o passeio da terapeuta Cristiane Contijo, que veio de Brasília.
Pela oitava vez em Florianópolis, ela disse notar a diferença na limpeza na comparação com anos anteriores. “A praia está bem limpa. Está gostosa de ficar. As crianças estão se divertindo bastante. Sou apaixonada por aqui”, disse Contijo.
Responsável pela limpeza, a Autarquia de Melhoramentos da Capital (Comcap) aumentou o contingente de garis para a limpeza da orla. Além disso, a coleta convencional de lixo passará de três para seis vezes por semana nos principais balneários do Norte, Sul e Leste da Ilha, diz a prefeitura.
O aeronauta Carlos Alberto, por outro lado, acredita que a praia da Joaquina, no leste da ilha, é a mais suja. Para ele, é comum ver mais lixo na areia, especialmente perto das festas de fim de ano e em janeiro.
“Com o verão no pico, muita gente vem curtir as férias em Floripa assim a sujeira é inevitável.”
Pela primeira vez na ilha, a turista Alana Vargas, de Laranjeiras do Sul (PR), disse estar satisfeita com a limpeza, que depende também de consciência ambiental dos frequentadores.
“A limpeza sempre pode melhorar, mas isso depende de cada pessoa. Há placas, lixeiras espalhadas pelas principais praias então vai de cada um fazer seu papel”, afirmou.
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