Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Só e mal-acompanhado

A empáfia de Bolsonaro emanava da faixa presidencial; sem esta, é como se estivesse de cueca

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Os grandes líderes sempre deixaram grandes frases para seus povos. Winston Churchill, primeiro-ministro inglês na Segunda Guerra: "Só posso prometer-lhes sangue, trabalho, lágrimas e suor." Getulio Vargas, pouco antes do tiro no peito: "Deixo a vida para entrar na história." Juscelino: "Costumo voltar atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro." John Kennedy, presidente dos EUA: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por ele." E De Gaulle, premiê francês: "Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?". Já Jair Bolsonaro será lembrado por seus bordões: "Chega, porra! Acabou! Ponto final! Caso encerrado! Cala a boca!".

O homem que levou quatro anos fazendo-se de Super-Homem em comícios, discursos e lives para sua turma revelou-se um covarde. Vê-se agora que sua estupidez, empáfia e autossuficiência, todas cavalares, emanavam apenas da faixa presidencial. Sem esta, é como se estivesse de cueca.

Derrotado na eleição e em breve despojado da imunidade que o cargo lhe garantia, Bolsonaro terá de explicar-se nos tribunais pelos crimes que cometeu. Sabendo disso, deixa-se ficar debaixo da cama no Alvorada, mudo, assustado e chorando, abandonado até pelos que ele favoreceu, subornou ou corrompeu.

Bolsonaro já foi cancelado pelo centrão, ao qual repassou bilhões. Políticos que ele considerava fiéis estão se pondo na órbita de Lula, um deles Ratinho Jr., governador do Paraná. Líderes religiosos subitamente sem acesso a barras de ouro começam a apagá-lo de suas orações. Canais de TV até há pouco a seu soldo demitem os profissionais identificados com ele. E imagino sua ira ao ver, em ágapes recentes em Brasília, seu juiz de estimação Kassio Nunes Marques abraçado festivamente a seu arqui-inimigo ministro Alexandre de Moraes e ao próprio Lula.

Bolsonaro está só e, ao mesmo tempo, mal-acompanhado.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de cumprimentos dos Oficiais Generais das Forças Armadas - Reprodução/TV Brasil

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas