Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas
Bolsonaro mantém base nas redes após novas revelações sobre trama golpista
Nos grupos públicos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver, apoiadores do ex-presidente acreditam que as ações de Bolsonaro são justificadas e constitucionais
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Após a divulgação do depoimento do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, que deu detalhes sobre como teria sido o encontro para discutir a chamada minuta do golpe, as redes sociais se dividiram entre os que apontam uma tentativa de golpe de Estado por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aqueles que minimizam as revelações de Freire Gomes.
Nos mais de 60 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver, é possível verificar que a maior parte dos apoiadores de Bolsonaro não acreditam que a existência da minuta e o envolvimento direto de Bolsonaro configurem tentativa de golpe de Estado.
A argumentação se concentra no fato de que o estado de sítio é previsto pela Constituição Federal e que, portanto, Bolsonaro não estaria visando uma ruptura.
Algumas das mensagens compartilhadas pelos apoiadores do ex-presidente criticam as investigações da Polícia Federal, dizendo que a minuta encontrada não é prova de tentativa de golpe. Uma das mensagens diz que "ele não decretou a minuta, no máximo planejou".
Outros usuários ironizam, apontando que tal medida prevista pela minuta precisaria de uma aprovação do Congresso Nacional ou ainda questionando "golpe usando a constituição?".
O discurso utilizado pelos apoiadores de Bolsonaro está em linha com as falas do ex-presidente no ato promovido na avenida Paulista, no qual fez menções à minuta e argumentou "golpe usando a Constituição? Tenha Paciência", afirmando ainda que não houve armas nem tanque na rua.
Isso demonstra a elevada capacidade de Bolsonaro de comunicar com sua base.
Parte dos apoiadores do ex-presidente não se limitou em minimizar as declarações de Freire Gomes e optou por atacar o processo eleitoral, alegando que quem deu o golpe foi o STF e que "Lula não foi eleito pelo povo" mas que foi "escolhido pelo serviço eleitoral".
Essas mensagens são acompanhadas de ataques às urnas eletrônicas e ao "sistema".
Prevalece, portanto, o discurso de que todas as investidas de Bolsonaro seriam uma reação às injustiças cometidas nas eleições, e, por isso, justificadas.
Pelas mesmas razões, consideram o general Freire Gomes um "traidor da pátria", pois teria "entregado o Brasil aos comunistas".
Nos grupos não focados em política, a maior parte das mensagens traz o compartilhamento de links de notícia sobre o depoimento do general Freire Gomes bem como os desdobramentos e repercussões, mas não há um debate em torno do tema e, por isso, predomina o sentimento de neutralidade.
Entre os usuários de esquerda ou de oposição ao ex-presidente, há um esforço de apontar as razões pelas quais a simples existência da minuta já configura "crime grave", visto que estaria planejando um golpe de Estado. No geral, são mensagens mais longas e explicativas.
Muitas mensagens e vídeos que circulam nos grupos afirmam que Bolsonaro sabia da existência da minuta e que foi colocado na "cena do crime" após os depoimentos. Essas mensagens são acompanhadas no geral por frases como "Bolsonaro na cadeia", "Bolsonaro preso" e "anistia não".
Um dos usuários diz que "a tentativa de golpe está clara" e finaliza pedindo "cadeia para Bozo e seus bandidos".
O ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, é um dos principais nomes associados ao de Bolsonaro, sendo muito atacado nas mensagens. Os usuários o acusam de "golpista safado", "traidor da pátria" e "traidor da Constituição".
Mesmo entre os apoiadores de Bolsonaro, não há quem defenda Garnier, que é apenas citado no contexto.
Com relação ao papel do general Freire Gomes e do brigadeiro Baptista Junior, os usuários se dividem. Há mensagens que os exaltam e defendem que "salvaram o Brasil" e que são "homens de bem e legalistas".
Por outro lado, há aqueles que os acusam de "posar de heróis da democracia" e de que teriam prevaricado ao não terem denunciado Bolsonaro.
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