Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".
Lula usa o varejo para casos do atacado
A encrenca com o Congresso é velha e prosseguirá
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Churrascos, verbas ou mesmo troca de ministros não resolverão as dificuldades do governo com o Congresso. Lula foi eleito com a escassa vantagem de 1,8 ponto percentual e tem uma base parlamentar instável, mas acredita que pode resolver problemas do atacado com soluções do varejo. O Congresso tem uma maioria conservadora pressionada por uma minoria radical, até troglodita. O presidente, contudo, vocaliza uma agenda que o afasta de um equilíbrio.
Um exemplo:
Durante a campanha eleitoral ele disse que "o agronegócio, sabe, que é fascista e direitista. [...] Porque os empresários que têm um comércio com o exterior, que exportam para a Europa, para a China, não querem desmatar". Coisas da campanha.
Em maio, quando o ministro da Agricultura foi desconvidado para a abertura da Agrishow de Ribeirão Preto, voltou a crer na ação de "fascistas". Isso levando o líder do MST na sua comitiva para a China.
Há grandes empresários do agro que o apoiaram. Essa retórica pode agradar a ilustrados das cidades, mas, para os empresários do campo, torna-se um fator de isolamento. Quando um parlamentar ligado aos agricultores reivindica uma verba, ele pode até vir a votar com o governo na terça-feira, mas na quinta atende de novo sua base.
As arcas da Viúva não têm dinheiro suficiente para garantir uma base parlamentar alimentada pelo varejo. Num tempo bem mais confortável, o governo de Lula tentou isso com o mensalão e deu no que deu.
Também não se vai a lugar algum dizendo que o problema é de coordenação. Trocando-se o ministro Alexandre Padilha pelo ilusionista Issao Imamura, o problema continuará do mesmo tamanho.
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