Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
Ato mostra que Bolsonaro quer de sucessor proteção e anistia
Manifestação será mais importante para determinar organização do bolsonarismo do que para provar popularidade
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Jair Bolsonaro ficou chateado depois de um ato contra o aborto em outubro passado, em Belo Horizonte. Ele queria explorar o gatilho favorito da turma conservadora para provar sua popularidade um ano após a derrota nas urnas. Recebeu menos gente do que esperava e culpou o 8 de janeiro pelo quórum frustrante.
O ex-presidente dificilmente passará pela mesma decepção no domingo (25). A manifestação em São Paulo foi orquestrada com dedicação. Terá caravanas organizadas por aliados, apoio de gabinetes políticos e a grana de um pastor evangélico. Acima de tudo, vem sendo tratada como um chamado de emergência num momento crítico para o capitão.
O placar do público na avenida Paulista será um fator relevante, não o mais importante. Bolsonaro é um líder com grande capacidade de mobilização e muitos seguidores leais. Sua máquina de propaganda deve manipular imagens e inflar os números, mas nada disso vai significar muita coisa no dia seguinte.
A ideia do ato é determinar como o bolsonarismo vai se organizar com a Polícia Federal nos calcanhares de seu líder. O primeiro passo é exibir força suficiente para enviar a eleitores e outros políticos a mensagem de que o ex-presidente ainda controla um grupo dominante na direita, indicando que não há espaço para projetos alternativos.
Mesmo que a manifestação atraia apenas apoiadores mais fervorosos, Bolsonaro quer provar a um contingente maior de eleitores que ele exerce uma espécie de monopólio nesse campo político. Em outras palavras, o ex-presidente tenta convencer esses simpatizantes de que está muito vivo e, portanto, há razões para que se mantenham engajados.
O objetivo final é que essa máquina política seja usada para defendê-lo tanto nas ruas como nos gabinetes. É por isso que seus três potenciais herdeiros —Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Romeu Zema— confirmaram presença no ato. Quem quiser os votos do ex-presidente terá que oferecer proteção e, quem sabe, uma anistia no futuro.
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