Mais de 60% dos recifes de coral do mundo podem ter sofrido branqueamento no último ano
No oceano Atlântico, 99,7% das estruturas estão sujeitos a estresse térmico
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Quase dois terços dos recifes de coral do mundo foram submetidos a estresse térmico pesado o bastante para desencadear o seu branqueamento no último ano, disse a principal agência de monitoramento de recifes de coral nesta quinta-feira (16).
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa, na sigla em inglês) anunciou no mês passado que os recifes de coral do mundo estão passando por um quarto evento de branqueamento em massa, à medida que a mudança climática, combinada com o fenômeno El Niño, elevou as temperaturas oceânicas a níveis recordes.
Agora, a agência relata que cerca de 60,5% da área de recifes do mundo foi afetada e esse número continua aumentando.
"Estou muito preocupado com o estado dos recifes de coral do mundo", disse Derek Manzello, coordenador do Coral Reef Watch da Noaa em uma reunião mensal. "Estamos vendo [as temperaturas oceânicas] agora que são muito extremas por natureza."
Desencadeado pelo estresse térmico, o branqueamento de corais ocorre quando os corais expulsam as algas coloridas que vivem em seus tecidos. Sem essas algas parceiras, os corais ficam pálidos e vulneráveis à fome e a doenças.
Cientistas documentaram o branqueamento em massa em pelo menos 62 países e territórios, com Índia e Sri Lanka relatando os impactos recentemente.
O último evento global, que ocorreu de 2014 a 2017, impactou 56,1% das áreas de recifes sujeitas a estresse térmico de branqueamento. Eventos anteriores em 1998 e 2010 atingiram 20% e 35% da área de recifes, respectivamente.
Embora o evento atual tenha afetado uma área maior, Manzello disse que o evento de 2014-2017 ainda é considerado o pior já registrado devido à sua gravidade e persistência. Mas 2023-2024 pode, em breve, superá-lo, acrescentou.
CARIBE EM RISCO
Os corais no oceano Atlântico foram os mais afetados pelo aumento das temperaturas oceânicas, com 99,7% dos recifes da bacia sujeitos a estresse térmico compatível com branqueamento no último ano, disse a Noaa.
"O oceano Atlântico está fora dos gráficos [nas dimensões do problema]", disse Manzello.
Uma avaliação publicada em abril de 2024 constatou que até agora houve entre 50% e 93% de mortalidade de corais em Huatulco, em Oaxaca, no Pacífico mexicano.
A situação provavelmente piorará neste verão, pois o estresse térmico está se acumulando novamente no sul do Caribe. Em algumas áreas, o limite de estresse térmico para o branqueamento já foi ultrapassado.
"Isso é alarmante porque nunca aconteceu tão cedo no ano antes", disse Manzello.
Os cientistas esperam mais branqueamento no sul do Caribe, ao redor da Flórida e no Recife de Barreira Mesoamericano —o segundo maior recife do mundo— neste verão.
"El Niño está se dissipando, mas o oceano ainda está anormalmente quente. Não será necessário muito aquecimento adicional para ultrapassar o limite de branqueamento", disse ele.
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