Descrição de chapéu mudança climática

Greenpeace interrompe palestra de secretário-geral da Opep no Rio

Evento do setor de petróleo é alvo de protestos de organizações ambientalistas

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Rio de Janeiro

Ativistas do Greenpeace invadiram apresentação do secretário-geral da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Haitham Al Ghais, em evento do setor nesta terça-feira (24) no Rio de Janeiro.

Com cartazes escritos "transição energética justa" e "planejando catástrofes climáticas", os ativistas interromperam o início da apresentação de Al Ghais na maior conferência sobre petróleo no Brasil.

Mulher segura cartaz que diz "planejando catástrofes climáticas"
Ativista do Greenpeace em protesto durante palestra da Opep em evento do setor de petróleo no Rio de Janeiro nesta terça (24) - Pilar Olivares/Reuters - Pilar Olivares/Reuters

Al Ghais se preparava para lançar, pela primeira vez fora da sede da Opep, em Viena, o documento anual de projeções sobre o consumo de energia.

Com o protesto, a apresentação foi interrompida, com corte no fornecimento de energia, feito pela organização do evento.

Homem segura mulher por trás, prendendo-a entre os braços
Segurança retira ativista do Greenpeace após protesto durante palestra de secretário-geral da Opep no Rio de Janeiro nesta terça (24) - Pilar Olivares/Reuters

"O que adoro quando estou no Brasil é a energia deste país. Todo o tipo de energia. Até aquela energia", comentou o secretário-geral da Opep, para depois brincar sobre a falta temporária de energia. "O que isso mostra é que não tem eletricidade o bastante aqui. Vamos precisar de muito mais petróleo para o futuro", afirmou.

O documento divulgado nesta terça diz que a demanda de petróleo continuará crescendo em todo o mundo até 2050.

Em vídeo, a Opep afirma que as expectativas de que a demanda atingirá um pico e começará a cair estão erradas. "Narrativas unilaterais e polarização não ajudam ninguém", afirma.

Mulher segura faixa amarela com escritos em tinta preta; a faixa cobre o seu rosto; ela está cercada por pessoas na plateia
Ativista do Greenpeace segura faixa com a frase 'Who pays?' (quem paga:) em referência à crise climática durante palestra da Opep em evento do setor de petróleo no Rio de Janeiro nesta terça (24) - Pilar Olivares/Reuters

Romulo Batista, coordenador de florestas do Greenpeace Brasil, em nota, disse que a ONG fez "uma manifestação pacífica para chamar a atenção para os impactos da crise climática, que é impulsionada, principalmente, pelo uso de combustíveis fósseis no mundo".

"Enquanto o Brasil enfrenta eventos climáticos extremos, como a maior seca dos últimos 70 anos, as empresas presentes neste evento seguem lucrando com o sofrimento das pessoas. É hora de responsabilizar as exploradoras de gás e petróleo pelos danos que causam especialmente para as populações mais vulnerabilizadas", afirmou.

O evento que recebia Al Ghais reúne as maiores petroleiras globais com negócios no Brasil, entre elas gigantes americanas e europeias. Foi alvo de protestos também na segunda (23) por parte de outras organizações ambientalistas.

Elas lançaram campanha em que questionam os elevados salários dos executivos das principais operadoras do mundo. "Eles lucram, a gente sofre", dizem peças espalhadas pela cidade. Em 2022, por exemplo, o CEO da ExxonMobil, a maior petroleira americana, recebeu US$ 32 milhões entre salários e bônus.

Cartaz inflável com rostos de executivos e a frase 'saldão do fim do mundo'
Organizações ambientalistas exibiram cartazes com rostos de executivos de petroleiras durante o evento ROG.e no Rio de Janeiro nesta segunda (23); encontro foi chamado de 'saldão do fim de ano' - Tayná Uràz/Divulgação

"As grandes empresas de petróleo deveriam priorizar investimentos para as soluções energéticas capazes de reduzir a demanda por óleo e gás e incluir em seus planos estratégicos o cronograma e os recursos para descontinuar o uso do petróleo", afirmou Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente).

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também é alvo dos protestos, ao apresentar o país como líder na transição energética ao mesmo tempo em que incentiva a abertura de novas fronteiras para a exploração de combustíveis fósseis no país.

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