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Repovoamento de peixes traz a vida de volta ao Rio Pardo, no interior de SP

Projeto voluntário estima a soltura de cerca de 3 milhões peixes ao longo de 15 anos

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São Paulo

"Por que não tem mais peixes no Rio Pardo?". Este questionamento coletivo uniu voluntários de diferentes áreas profissionais em um projeto ambiental que trouxe de volta a vida a um dos maiores rios de São Paulo, com 264 km de extensão e que atravessa 15 municípios do estado.

Em 2008, a ONG Rio Pardo Vivo criou o projeto "Cardume" que reuniu pesquisadores, estudantes, moradores e pescadores de diferentes cidades, com o objetivo de repovoar com peixes o corpo hídrico, que foi impactado pela instalação de hidrelétricas e poluição urbana.

No acumulado, cerca de 3 milhões de alevinos (peixes juvenis, recém-eclodidos dos ovos) foram soltos no rio desde o início das atividades, segundo estimativa da ONG. São espécies nativas, entre elas: pacuguaçu, curimbatá, lambari, dourado, piapara e piracanjuba.

Um pescador exibe dois peixes de tamanho médio que acaba de pescar, segurando-os firmemente com as mãos. Ele está ao ar livre, próximo a um local de pesca, vestindo uma camiseta verde e bermuda preta, com o foco da imagem nos peixes capturados.
Peixes do projeto Cardume que atua na repovoação de espécies no Rio Pardo, no interior de São Paulo - ONG Rio Pardo Vivo/Divulgação

Do município de Santa Cruz do Rio Pardo, o presidente da ONG, Carlos Cavalcchuki, 55, diz que iniciou as pesquisas sobre o sumiço dos peixes ainda em 2002. Ele observou que as PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) foram as primeiras responsáveis pelos problemas.

Formado em gestão de recursos hídricos e planejamento ambiental, Cavalcchuki afirma que viu, ao longo dos anos, o rio perder a vida. Ela relata que acompanhou gerações de famílias desfrutarem das pescas artesanais e esportiva, mas a falta de planejamento ambiental mudou tudo.

"No rio Pardo teve crescimento desordenado e degradação. Com os esgotos sendo lançados nas águas, somado a interferência de hidrelétricas na região nas bacias dos rios Paraná e Pardo, nós decidimos reagir para a melhoria do meio ambiente", frisou, acrescentando que o tratamento de esgoto foi melhorado ao longo dos anos, após reivindicações.

Desde o início do projeto, Cavalcchuki informou que são feitas três solturas anuais, totalizando, em média de 200 mil alevinos. Para isso, é necessário avaliar se as condições da água e da temperatura estão favoráveis para receber os novos habitantes. A próxima soltura está prevista para outubro.

"As pessoas estão voltando a confiar no rio. Existe uma melhor qualidade da água. Os animais estão voltando. Os corredores ecológicos melhoraram. Então, com essas ações envolvendo toda a comunidade, nós conseguimos transformar a área degradada em próspera", ressaltou.

Com retorno dos peixes ao rio, Wellington Pauloni, 54, voluntário do projeto e pescador há 40 anos, conta que pôde repassar o seu hobby favorito ao filho, João Marcos, 25. Atividade teria unido ainda mais os dois.

Moradores de Iaras, no interior paulista, pai e filho conheceram o projeto através de amigos e ressaltaram que atuam ativamente das ações de soltura desde então. Juntos, eles unem forças com outros voluntários para manter a ambiente saudável.

"O rio Pardo sempre foi um ótimo lugar para ser frequentado por todos amantes da pesca e da natureza, pois é um ótimo lugar para se estar com a família e amigos. Todos nós precisamos preservar", disse Wellington.

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