Lisieux Fuzessy |
Nem s� as aves e morcegos desempenham papel primordial na dispers�o de sementes. Pesquisa desenvolvida pela bi�loga Lisieux Fuzessy, doutoranda do Programa de P�s-gradua��o em Biologia Vegetal do ICB, revela, em artigo publicado neste ano, que os primatas tamb�m cumprem essa tarefa e contribuem para a regenera��o das florestas. Orientado pelo professor Fernando Silveira, do Departamento de Bot�nica do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas da UFMG (ICB), o estudo foi feito a partir de meta-an�lise � t�cnica estat�stica que possibilita integrar e resumir resultados de outros artigos publicados sobre o tema. Com base na metodologia adotada, foram classificados quatro grupos de primatas, de acordo com seus h�bitos alimentares. Os animais frug�voros se alimentam quase que exclusivamente de frutos. Os fol�voros incluem folhas em sua dieta. Os inset�voros comem muitos insetos, e os on�voros t�m uma alimenta��o diversificada. A ingest�o de alguma quantidade de frutos, entretanto, foi ponto comum na dieta de todos os grupos analisados. As plantas que produzem frutos s�o classificadas como angiospermas e desenvolveram, ao longo de sua evolu��o, diversas estrat�gias para garantir seu dom�nio sobre o ambiente, como se valer de vento, chuva e animais para carregarem suas sementes. Ao ingerir frutos, os macacos carregam sementes dentro de seu intestino e, ao se deslocarem pelas �rvores na floresta, as defecam em diferentes locais. Isso aumenta as chances de que suas sementes caiam em solo com �gua e nutrientes necess�rios para a planta se desenvolver. Ao analisar essa engenharia da biodiversidade, Lisieux Fuzessy observou que as sementes ingeridas e expelidas por macacos e micos germinaram 33% mais que aquelas retiradas diretamente de frutos n�o ingeridos. A a��o de primatas inset�voros e on�voros n�o contribuiu com esse �ndice de germina��o. Os que comem exclusivamente frutos foram respons�veis pelo aumento de 75% na germina��o dessas sementes, que, por sua vez, brotaram mais r�pido. Esse grupo de macacos frug�voros foi o que carregou as sementes a dist�ncias mais longas e a ambientes mais diversos. "Isso significa que os animais que mais dependem de frutos para sobreviver s�o os que mais contribuem para o sucesso na reprodu��o das plantas", afirma Lisieux, lembrando, no entanto, que o grupo � o mais amea�ado de extin��o nas florestas. Preserva��o Um exemplo � o monocarvoeiro, ou muriqui, um grande frug�voro que est� em alto risco de extin��o e vive confinado em pequenas �reas de Mata Atl�ntica, no Sudeste e Sul do Brasil. "O estudo refor�a a necessidade de ado��o de medidas de preserva��o desses animais, dispersores de sementes. Do contr�rio, a estrutura e a din�mica florestal ser�o afetadas, prejudicando v�rias outras esp�cies", alerta a pesquisadora. Ainda que n�o fa�a parte do estudo, outra constata��o poss�vel � a de que alimentar esses animais silvestres em �reas urbanas pode implicar at� mesmo menor regenera��o das florestas, uma vez que eles eliminar�o suas fezes em lugares que n�o favorecem o desenvolvimento das plantas. Correspondentes Sob orienta��o do jornalista Marcus Vin�cius dos Santos, da Assessoria de Comunica��o Social e Divulga��o Cient�fica do ICB, cada correspondente escolhe o tema e os principais aspectos a serem destacados, entrevista um pesquisador, interpreta a informa��o e redige o texto. Artigo: How do primates affect seed germination? A meta-analysis of gut passage effects on neotropical plants, publicado em fevereiro de 2016 (Mateus Fernandes / Boletim 1963)
Mesmo com a contribui��o dos primatas, as florestas continuam diminuindo. Segundo a pesquisadora, isso ocorre porque o ritmo de crescimento da floresta � menor do que o de desmatamento e tamb�m pelo fato de os primatas estarem desaparecendo de seu habitat natural.
Mateus Fernandes, autor desta mat�ria, � aluno do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB) da UFMG e participa voluntariamente do projeto Correspondentes, junto com outros cinco estudantes. Trata-se de a��o extensionista, que integra o Projeto de Suporte de Comunica��o Institucional do ICB e visa identificar estudantes de gradua��o com esp�rito investigativo, incentivando-os a produzir textos, �udios ou v�deos no formato jornal�stico.
Autora: Lisieux Franco Fuzessy
Coautores: Tatiana G. Cornelissen, Charles Janson e Fernando Silveira (orientador)
Dispon�vel aqui
Financiamento: CNPq e Fapemig