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Diferentemente dos europeus e norte-americanos, pesquisadores brasileiros tendem a buscar emprego, ao final de sua trajet�ria, em institui��es pr�ximas "de casa", ou seja, daquelas em que fizeram o curso de gradua��o, revela estudo desenvolvido no Departamento de Ci�ncia da Computa��o (DCC) e rec�m-publicado no peri�dico Plos One.
Ao analisar a carreira de cerca de seis mil pesquisadores vinculados aos 100 Institutos Nacionais de Ci�ncia e Tecnologia (INCTs) do pa�s, a pesquisa tamb�m mostra que atualmente os brasileiros t�m optado por construir em institui��es nacionais a maior parte de sua forma��o � gradua��o, mestrado e doutorado �, realizando apenas o p�s-doutorado no exterior.
"Os padr�es mais frequentes s�o os que mostram a pessoa em institui��es localizadas na mesma regi�o durante toda a carreira. O p�s-doutorado no exterior � uma possibilidade para quem permaneceu muitos anos no mesmo lugar de expandir horizontes e tomar contato com outras realidades institucionais", avalia o professor Clodoveu Davis, que orientou disserta��o de mestrado de Caio Alves sobre o assunto, defendida em julho deste ano.
Al�m de revelar aspectos da cultura brasileira, o trabalho tamb�m oferece pistas sobre o crescimento da estrutura nacional de pesquisa e p�s-gradua��o, pois mostra que, embora institui��es da regi�o Sudeste continuem a atrair muitos estudantes de todo o pa�s, a distribui��o dessa estrutura parece estar melhorando nos �ltimos anos, tendo decrescido a preval�ncia de S�o Paulo.
Ao destacar que cerca de 80% dos pesquisadores dos INCTs obtiveram seu doutorado no Brasil, Clodoveu Davis comenta que o trabalho � feito em colabora��o com Marcos Andr� Gon�alves e Jussara Marques de Almeida, tamb�m professores do DCC � abre perspectivas para a investiga��o de quest�es como mobilidade, representatividade regional da ci�ncia brasileira e impacto das pol�ticas nacionais de fomento � pesquisa e ao desenvolvimento.
Em novos estudos, Davis pretende expandir o conjunto de dados, incluindo todos os pesquisadores cadastrados na plataforma Lattes, reposit�rio mantido pelo governo brasileiro, a fim de obter "uma vis�o mais ampla dos movimentos de carreira feito por cientistas brasileiros".
Regi�es
Para a pesquisa relativa aos cientistas vinculados aos INCTs, foram analisadas as cinco regi�es geopol�ticas brasileiras � o estado de S�o Paulo figura como uma sexta regi�o, destacada, para fins metodol�gicos, da regi�o Sudeste. "Isso se justifica pelo vi�s populacional do estado, habitado por 44 milh�es de pessoas, 22% da popula��o brasileira", diz Clodoveu Davis, lembrando tamb�m que os INCTs s�o os mais qualificados grupos de pesquisa no Brasil e cobrem bem todas as �reas de conhecimento. Utilizando o filtro de busca pelas etapas de mestrado, doutorado e p�s-doutorado, a pesquisa revela que a maioria ainda procura a regi�o Sudeste e S�o Paulo.
No que se refere � influ�ncia das regi�es mais desenvolvidas cientificamente sobre a forma��o dos grupos brasileiros, o professor do DCC comenta que, no universo pesquisado, a busca por forma��o � maior na Am�rica do Norte, em algumas �reas, e na Europa, em outras, mas a participa��o das institui��es brasileiras na forma��o de cientistas cresceu ao longo das �ltimas d�cadas.
Trajet�rias que incluem outros pa�ses da Am�rica Latina praticamente n�o existem. "H� muito mais pessoas vindo desses pa�ses para o Brasil", comenta Caio Alves. Segundo ele, o estudo mostrou que o fato de o pesquisador ir para o exterior n�o influencia na mudan�a de regi�o dentro do pa�s, "mas aqueles que se mudam, o fazem em geral logo depois da gradua��o".
Analisados com t�cnicas de geoinform�tica, os dados mostram que o padr�o mais frequente � o do pesquisador que passa a trabalhar na mesma regi�o em que fez toda a sua forma��o. A segunda situa��o mais comum � a do pesquisador que realizou toda a sua forma��o na mesma regi�o em que se graduou, com a exce��o do p�s-doutorado, desenvolvido no exterior.
O artigo cita a trajet�ria de um dos autores, o professor Marcos Andr� Gon�alves, que n�o segue o padr�o prevalente. Gon�alves obteve seu diploma de bacharel em uma institui��o no estado do Cear�, fez mestrado em S�o Paulo e p�s-gradua��o na Virginia (EUA). Ap�s o doutorado, voltou ao Brasil para fazer pesquisas de p�s-doutorado na UFMG, onde passou a trabalhar, fixando-se em Minas Gerais. Por outro lado, o professor Clodoveu Davis cursou gradua��o, mestrado e doutorado na UFMG, onde atua.
Os dados da pesquisa podem ser visualizados em gr�ficos, por meio de ferramenta desenvolvida por Caio Alves, dispon�vel em site que abriga diversas pesquisas do grupo coordenado por Clodoveu Davis.
Artigo: A Spatiotemporal Analysis of Brazilian Science from the Perspective of Researchers� Career Trajectories
Publicado na revista Plos One, em 29 de outubro de 2015
Autores: Caio Alves Furtado, Clodoveu Davis, Marcos Andr� Gon�alves e Jussara Marques de Almeida
(Ana Rita Ara�jo/Boletim 1923)