O interesse da popula��o brasileira pela ci�ncia aumentou consideravelmente nos �ltimos quatro anos. A conclus�o � da pesquisa Percep��o P�blica da Ci�ncia e Tecnologia, realizada no fim de 2010 com mais de 2 mil pessoas em todo o pa�s e divulgada ontem, dia 10, pelo Minist�rio da Ci�ncia e Tecnologia (MCT). Em pesquisa anterior, realizada em 2006, o n�mero de interessados ou muito interessados em ci�ncia era de 41% dos brasileiros. O percentual subiu, em 2010, para 65%.De acordo com o coordenador do estudo, Ildeu de Castro Moreira, os resultados � que em breve ser�o publicados no site do MCT � n�o apenas revelam um interesse crescente, mas apontam tamb�m que a popula��o brasileira tem uma percep��o cada vez mais madura a respeito da ci�ncia. �Os resultados mostram que a popula��o brasileira confia no cientista, acredita que a pesquisa � fundamental, apoia o aumento de recursos para o setor e acha que a ci�ncia traz benef�cios para sua vida. Por outro lado, as opini�es n�o s�o desprovidas de cr�tica: h� uma consci�ncia dos perigos e limites �ticos existentes. Conclu�mos que a popula��o brasileira tem uma percep��o social bastante madura da ci�ncia�, disse Moreira � Ag�ncia Fapesp. O estudo envolveu 2016 pessoas, que responderam question�rios semelhantes aos utilizados na vers�o de 2006. As entrevistas foram estratificadas quanto a sexo, idade, escolaridade, renda e regi�o de moradia. A margem de erro, segundo Moreira, � de 2%. �Esse tipo de estudo � importante porque nos traz informa��es sobre a vis�o e as atitudes do brasileiro em rela��o ao assunto. Ele identifica tamb�m car�ncias e lacunas. Esses dados podem nos fornecer subs�dios para pol�ticas p�blicas�, afirmou. Antes da pesquisa de 2006, apenas um estudo sobre percep��o p�blica da ci�ncia havia sido realizado em �mbito nacional, em menor escala, em 1987, de acordo com Moreira. �Esperamos que dentro de quatro anos tenhamos uma s�rie hist�rica que nos permita fazer compara��es ao longo do tempo�, afirmou. Segundo ele, os resultados ser�o publicados em livro pelo Centro de Gest�o e Estudos Estrat�gicos (CGEE), permitindo compara��es com o estudo de 2006. Meio ambiente em alta O meio ambiente � o tema mais �popular�, com 83% de interessados e muito interessados. Em 2006, o percentual era de 58%. Em seguida, aparece medicina e sa�de, com 81%. Apenas 59% declararam-se interessados ou muito interessados em arte e cultura. �O fato do tema do meio ambiente ter ultrapassado medicina e sa�de � um dos aspectos mais marcantes da pesquisa�, disse Moreira. Segundo Moreira, no entanto, as respostas sobre o interesse pelos diversos temas oferecem certa ambiguidade, j� que as pessoas t�m concep��es diferentes sobre o que � ci�ncia, arte, ou cultura. Para superar essa incerteza, seria preciso utilizar m�todos qualitativos em um estudo com grupos focais. �Neste tipo de enquete conseguimos fazer uma aprecia��o geral e nacional. Se por um lado perdemos em profundidade, ganhamos em generalidade � e como h� v�rias quest�es, a incerteza em rela��o aos conceitos � amenizada. Um aspecto importante foi que formulamos as quest�es dentro de padr�es internacionais e, com isso, poderemos no futuro fazer compara��es com outros pa�ses�, disse. Os assuntos preferidos entre os 65% interessados ou muito interessados em ci�ncia s�o ci�ncias da sa�de (30,3%), inform�tica e computa��o (22,6%), agricultura (11,2%), engenharias (8,4%), ci�ncias biol�gicas (6%). Temas como matem�tica, f�sica, qu�mica, ci�ncias da terra, ci�ncias sociais e hist�ria ficam com percentuais entre 3% e 4%. Astronomia e espa�o tem 1,6%. Entre os que declararam n�o se interessar por ci�ncia e tecnologia, a maior parte, 36,7%, alegou como raz�o para o desinteresse que �n�o entende� o assunto. Mais de 36% alegam que visitam museus e n�o participam de eventos cient�ficos porque eles n�o existem em sua regi�o. �Grande parte dos brasileiros declara n�o ter acesso a eventos e msueus. De fato, a densidade de institui��es cient�fico-culturais � muito pequena, especialmente no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. Entretanto, a visita��o e participa��o em eventos cient�ficos aumentou em rela��o a 2006�, disse Moreira. Ci�ncia nacional ainda � desconhecida Uma parcela de quase 82% dos entrevistados n�o soube citar nenhuma institui��o de pesquisa cient�fica no Brasil. Entre os demais, 23,5% citaram o Instituto Butantan e 12,1% citaram o Instituto Oswaldo Cruz. Mais de 87% n�o souberam citar nenhum cientista brasileiro importante. Entre os demais, 40% citaram Oswaldo Cruz e 29% citaram Carlos Chagas. �Trata-se, sem d�vida, de uma defici�ncia associada � precariedade da escola, tanto no ensino b�sico como na universidade. Os livros n�o t�m conte�dos sobre o que foi feito na ci�ncia nacional. A m�dia em geral tamb�m n�o d� destaque a isso e � muito mais pautada no exterior � com boas exce��es�, disse Moreira. Houve avan�os, no entanto, na aprecia��o dos brasileiros sobre a ci�ncia nacional desde 1987, quando mais da metade dos entrevistados a consideravam atrasada em rela��o ao contexto mundial. �A aprecia��o que � feita hoje � bem realista e coloca a ci�ncia nacional em um patamar intermedi�rio � onde de fato ela est�. Hoje apenas 26% acham que temos uma ci�ncia atrasada�, disse. Quase 50% dos entrevistados consideram a ci�ncia brasileira em um patamar intermedi�rio e 19,7% a julgam avan�ada. Em rela��o aos benef�cios trazidos pela ci�ncia, segundo Moreira, a popula��o brasileira � a mais otimista do mundo. �O otimismo � uma caracter�stica cultural do brasileiro. Al�m disso, houve um avan�o econ�mico e social importante no pa�s nos �ltimos anos e muita gente teve acesso � televis�o, celulares e internet � o que � associado com a tecnologia�, disse. Os m�dicos, segundo a pesquisa, s�o as fontes de informa��o sobre ci�ncia com mais credibilidade para 27,6% dos entrevistados. Os jornalistas, para 19,9%. Os religiosos para 13,6%. Os cientistas de institutos de pesquisa p�blicos para 12,3%. J� os cientistas que trabalham para empresas s�o a fonte com mais credibilidade para apenas 4,1%. Outros resultados Os benef�cios da ci�ncia mais citados pelos entrevistados foram aqueles trazidos para a sa�de e prote��o contra doen�as� (26,1%) e para melhorar a qualidade de vida (19,1%). Os principais malef�cios foram �trazer problemas para o meio ambiente� (26,9%), �redu��o de emprego� (12,9%), �provocar o surgimento de novas doen�as� (12,6%) e �produzir alimentos menos saud�veis� (12,2%). Para metade dos brasileiros, o conhecimento d� aos cientistas poderes que os tornam potencialmente perigosos. Para 56%, a maioria das pessoas � capaz de entender o conhecimento cient�fico se ele for bem explicado. Para 51%, a pesquisa cient�fica � essencial para o desenvolvimento da ind�stria. As descobertas cient�ficas em si n�o s�o boas nem m�s � o que importa � a forma como elas s�o usadas � na opini�o de 57% dos entrevistados. Para 66%, as autoridades devem obrigar legalmente os cientistas a seguirem padr�es �ticos. Os cientistas s�o �pessoas inteligentes que fazem coisas �teis � humanidade� para 38,5% da popula��o. S�o �pessoas comuns com treinamento especial para 12,5%. Para 11,1%, s�o pessoas que trabalham muito sem querer ficar ricas. Para 9,9% s�o �pessoas que se interessam por temas distantes da realidade dos outros. Para 9,3%, s�o �pessoas que servem a interesses econ�micos� e para 7,3% s�o �pessoas exc�ntricas de fala complicada�. As necessidades tecnol�gicas definem os rumos da ci�ncia para mais de 40% da popula��o. Para 16,8%, os rumos s�o ditados pela demanda do mercado econ�mico e, para 9,1%, pelas grandes empresas multinacionais. O desenvolvimento da ci�ncia brasileira n�o � maior porque os recursos s�o insuficientes, na vis�o de 31% dos entrevistados. Para 16,3%, o problema s�o os laborat�rios mal equipados. Mais de 12% acham que o n�mero de cientistas � pequeno. Os governos devem aumentar os recursos que destinam � pesquisa cient�fica e tecnol�gica, na opini�o de 68% dos entrevistados. Para 72%, as empresas privadas brasileiras deveriam investir mais na pesquisa. Na opini�o de 30% da popula��o, o desenvolvimento cient�fico e tecnol�gico levar� a uma diminui��o das desigualdades sociais no pa�s. Para o p�blico, as �reas de maior import�ncia para o desenvolvimento no pa�s s�o os setores de medicamentos (32,1%), agricultura (15%), mudan�as clim�ticas (14,8%) e energia solar (14%). Depois aparecem biocombust�veis (6%), computadores e tecnologia da informa��o (4%), ci�ncias sociais (3,6%), biotecnologia (3,3%), explora��o de recursos do mar (1,9%), nanotecnologia (1,3%) e explora��o espacial (1,3%). (Com Ag�ncia Fapesp)
Os resultados mostraram que, para o p�blico brasileiro, a ci�ncia � mais interessante que temas populares como esportes. Do total dos entrevistados, 65% se dizem interessados e muito interessados em ci�ncia e 62% em esportes.
Embora diversas respostas, segundo Moreira, tenham revelado uma vis�o madura do p�blico em rela��o � ci�ncia, algumas delas chamam a aten��o para o desconhecimento sobre o tema.
Para mais de 42% dos entrevistados, a ci�ncia traz mais benef�cios que malef�cios. Para quase 39%, traz apenas benef�cios. Exatos 14% acreditam que a ci�ncia traz tanto benef�cios como malef�cios. Apenas 2,5% acreditam que os malef�cios predominam.