Horrível, chulo, rasteiro
Anônimo
Porque esse alarde todo em torno desse livro e dessa escritora?! Detestei o livro Tudo é Rio. Achei pedante e mal escrito. Se colocar passagens de um erotismo barato é o que vende, aconselharia ler Anaïs Nin, O Delta de Vênus ou até mesmo, Henry Miller. Aí temos literatura, boa escrita e sutileza - que é o que faz um bom escritor. Graças a Deus não precisei gastar dinheiro com esse livro - me foi emprestado e tão logo terminei, devolvi-o apressadamente...
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Bom demais!
Alcir Santos de Oliveira
Digna de todos os aplausos essa autora, tão jovem e capaz de mergulhar na dura realidade dos cantos esquecidos deste Brasil tão cheio de contrastes e realidades dissonantes. Vale até lembrar “Querelas do Brasil”, a música de Aldir Blanc e Maurício Tapajós que Elis consagrou: “O Brasil não conhece o Brasil/O Brasil nunca foi ao Brasil...”
Fato é que há muito tempo não lia um romance de autor brasileiro tão bem escrito e tão fiel ao dia a dia das cidadezinhas esquecidas nos sertões deste país tão díspar. Um livro que fosse tão fundo na cruel realidade de famílias em que crimes como lesões corporais, estupros e pedofilia são rotineiros. E tudo, é verdade, permanece guardado sob “sete capas” porque, acima de qualquer coisa, é preciso manter o mito da “célula mater.” Carla Madeira, essa jovem romancista mineira, não se acovardou nem quis fazer uma história bonitinha e palatável. Não. Escreveu um belíssimo romance, esbanjando lirismo em alguns trechos e conduzindo o leitor, por entre duas ou três vertentes, até um final que, pelo amor, encanta e redime as pessoas de falhas e erros eventualmente praticados ao longo da vida.
Uma vertente é a de Lucy, órfã de pai e mãe num mesmo dia, criada, com certa discriminação pela tia, menina-moça com uma inarredável tendência para a prostituição assumida, desavergonhada e, até agressiva. Outra a da recatada Dalva, criada numa família unida, cheia de harmonia e carinho. No vértice uma força da natureza, Venâncio, exímio artesão, mestre carpinteiro capaz de trabalhos requintados, mas filho de pai violento e sádico. A autora conduz o leitor com segurança, narrando as peripécias da doidivanas Lucy, decidida e experimentar todos os homens da cidadezinha, em especial Venâncio que sempre a esnobou. Ele, por sue turno, queria, até de forma obsessiva, Dalva com quem se casou e viveu muito bem, até que ela engravidou e pariu. Aí toda a brutalidade recalcada veio à tona. Ele não suportou a idéia de dividir a mulher amada nem mesmo com o filho do casal.
No final, com mãos de fada e maestria, Carla Madeira, valendo-se de coadjuvantes como a generosa Francisca, une todas as vertentes, fazendo-as correrem para um só lugar e aí a gente entende porque TUDO É RIO.
Sim, é verdade, vale repetir, o livro tem trechos cruéis, violentos, mas em contraponto, tem outros de inegável lirismo. A autora sabe escrever, sim. E os fatos, ainda que duros e perversos, estão de acordo com a realidade vivenciada por uma boa parte da população brasileira. Quem conhece, há de, como eu, aplaudir o belo trabalho da autora.
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