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Por , da Redação


As mulheres são a maioria entre o público gamer, com 50,9% da parcela dos consumidores de jogos no país. É o que aponta a Pesquisa Gamer Brasil (PGB) 2024, que divulgou seu último estudo sobre o consumo de jogos eletrônicos no Brasil recentemente. Mas isso não significa que a comunidade gamer está mais segura para as mulheres: ainda são muitos os relatos de machismo, misoginia e baixo reconhecimento, tanto às jogadoras casuais quanto no cenário competitivo.

Entretanto, há mulheres que se destacam em cargos de liderança no ramo dos games, impulsionando suas marcas e trabalhando pela equidade de gênero na comunidade. É o caso de Nicolle "Cherrygumms" Mehry, atual CEO da Black Dragons e da Game Code, e Luiza "Croft" Trindade, também ex-atleta e atual gerente de esports da Team Solid. O TechTudo bateu um papo com Cherry e trouxe comentários de Croft sobre os desafios das mulheres nos jogos e o que já foi — e ainda pode ser — feito para diminuir o estigma.

Atualmente, as mulheres compõem a maior parte do público consumidor de jogos eletrônicos — Foto: Reprodução/Pexels/RDNE Stock Project
Atualmente, as mulheres compõem a maior parte do público consumidor de jogos eletrônicos — Foto: Reprodução/Pexels/RDNE Stock Project

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Conhecida como Croft, Luiza Trindade, afirma que a busca pelo reconhecimento é um caminho complicado na carreira das gamers. "Infelizmente, ainda há muita desconfiança do público em geral quando o assunto se trata da qualidade do trabalho de uma player", diz a gerente da Team Solid. Além disso, ela afirma que esse tipo de discurso ajuda a reforçar o machismo na comunidade e aumenta a estigmatização das mulheres, colocando-as como incapazes de serem boas nos jogos.

Mas, apesar dos estigmas e preconceitos, as mulheres seguem firmes no consumo de jogos, principalmente pensando em entretenimento casual. Segundo a PGB 24, são 66% delas dizem jogar de vez em quanto, ou seja, não se identificam como players hardcore. O recorte feminino da PGB 24 também traz outro dado: são 61% as mulheres que jogam no celular, plataforma que traz também diversos jogos competitivos. Foi no mobile, por exemplo, foi onde Luiza desenvolveu sua carreira como atleta e, depois, técnica de Free Fire.

"As mulheres estão cada vez mais presentes no universo dos jogos, tanto como jogadoras quanto como espectadoras e profissionais. Os gêneros de jogos mais populares entre elas, como os FPS e os Battle Royale, conquistam um público feminino significativo, não apenas como jogadoras ativas, mas também como espectadoras e até mesmo como narradoras de partidas."

Mesmo com o aumento do público feminino no consumo de jogos eletrônicos, há diversos desafios enfrentados pelas mulheres por conta do seu gênero. CEO e ex-atleta profissional, Cherry, relata alguns percalços ao longo da carreira, além de precisar provar sua capacidade apenas por ser mulher. Segundo ela, foi necessário enfrentar estereótipos e provar suas habilidades como atleta com frequência, além da própria falta de representação. "Muitas vezes tive que quebrar padrões e ser pioneira em alguns aspectos. Essa luta sempre é carregada de muito ódio, que tenho que aprender a filtrar mentalmente", afirmou.

Mulheres ainda sofrem diversos desafios de gênero dentro do ambiente gamer — Foto: Melissa Cruz/TechTudo
Mulheres ainda sofrem diversos desafios de gênero dentro do ambiente gamer — Foto: Melissa Cruz/TechTudo

Quando o assunto é remuneração dentro dos esports, a disparidade de salário entre os gêneros ainda é um problema bastante atual, sobretudo em um momento de queda econômica na área, conforme apontou Cherry. Assim, a visão de futuro e carreira entre as atletas mulheres também é imapctada.

No entanto, ao longo do tempo, incentivos para a promoção de mais mulheres atletas de jogos eletrônicos começaram a ser feitos. A própria Nicolle, por exemplo, investe em diversas ações para a inserção das mulheres nos esports, como a criação de times exclusivamente femininos para competições de jogos de tiro como Counter-Strike 2 (CS2), Valorant e Rainbow Six Siege, por exemplo. Ela acredita que os investimentos são importantes não só para incentivar as mulheres a seguirem seus sonhos, mas também para dar tranquilidade e segurança financeira às atletas.

Além de Nicolle, Luiza também defende a promoção de ações em prol da inserção de mais mulheres nos jogos em diferentes ramos do setor. Croft acredita que as desenvolvedoras de jogos precisam melhorar a representação das mulheres nos títulos e também inserir mais profissionais femininas na elaboração e construção dos games. Segundo ela, isso se dará "priorizando a inclusão com base no mérito profissional demonstrado pelas mulheres, independentemente da área, reconhecendo e valorizando sua competência como critério fundamental”.

Outras ações importantes para cercear a misoginia na comunidade e promover a equidade de gênero nos jogos são o trabalho contínuo de conscientização, a implementação de políticas de inclusão no meio gamer e a criação de encontros educacionais para as mulheres. É o que defende Nicolle:

"A conscientização contínua e a implementação de políticas inclusivas são fundamentais para transformar a cultura e garantir um ambiente mais equitativo, não apenas dentro das empresas, mas também no discurso para as comunidades. (...) Investir em programas educacionais e sociais, como workshops ou jantares, criar ambientes seguros e incentivar uma representação diversificada são passos para mitigar a distinção de gênero."

Com a delegacia virtual é possível fazer denúncias reais dentro do jogo — Foto: Reprodução/Wonder Woman Tech
Com a delegacia virtual é possível fazer denúncias reais dentro do jogo — Foto: Reprodução/Wonder Woman Tech

Há também outras iniciativas por parte de alguns jogos eletrônicos. A ONG Wonder Women Tech (WWT), por exemplo, trouxe ao GTA RP – versão online e modificada do famoso jogo multiplayer da Rockstar –, no servidor Capital Brasil, a primeira e-delegacia, um local online que pode receber denúncias de crimes reais.

Agora, as mulheres que se sentirem ameaçadas podem fazer a denúncia dentro do próprio jogo, com validade em caráter legal. A iniciativa veio a partir de uma pesquisa realizada pela Sky Broadband, provedora britânica de Internet, que revelou ser 49% o número de mulheres jogadoras que já sofreram algum tipo de assédio jogando ou streamando.

A Twitch, plataforma de streamers comumente usada pelo público gamer, tem uma política de combate ao assédio e possui diversas ferramentas para resguardar a vítima, como a opção de denunciar o usuário, exigir que os espectadores concordem com as regras do chat e até mesmo banir o malfeitor, entre outras ações.

Com informações de PGB, Wonder Women Tech, Twitch

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