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Por , da Redação


A compra do WhatsApp pelo Facebook completa dez anos, nesta segunda-feira (19). Criada por dois ex-funcionários do Yahoo!, em 2009, a plataforma se consolidou como o maior aplicativo de troca de mensagens do mundo, com mais de dois bilhões de usuários ativos em janeiro de 2024, de acordo com dados da alemã Statista. Cinco anos após o lançamento, em fevereiro de 2014, a empresa de Mark Zuckerberg adquiriu o app por cerca de US$ 22 bilhões — a maior compra da história da Meta.

Desde a aquisição, o WhatsApp já se envolveu em escândalos de circulação de informações falsas no app, garantiu avanços na segurança e privacidade de usuários, e criou uma gigantesca popularidade, principalmente no Brasil. A seguir, conheça mais sobre o WhatsApp e relembre a trajetória nos últimos dez anos do maior aplicativo de troca de mensagens do mundo.

Whatsapp logo android horizontal marca d'água — Foto: Mariana Saguias/TechTudo
Whatsapp logo android horizontal marca d'água — Foto: Mariana Saguias/TechTudo

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1. 'Sem propagandas, joguinhos ou truques'

O WhatsApp foi criado por Brian Acton e Jan Koum, após deixarem o Yahoo!. Durante esse período, a dupla se candidatou a vagas de emprego no Facebook, mas não obteve sucesso. A ideia do app surgiu após Jan Koum comprar um iPhone, em 2009, e observar o potencial mercado de aplicativos na App Store. Criaram assim o WhatsApp, com a premissa de ser um aplicativo de troca de mensagens simples. O nome foi uma brincadeira com a frase em inglês “What's up”, que significa “E aí?” no português, e tem pronúncia semelhante com o app.

Em um post realizado no Tumblr por um dos investidores do WhatsApp, foi divulgado um bilhete escrito por Brian Acton, que continha os princípios que elucidaram o início do app. “Sem propagandas! Sem joguinhos! Sem truques!” representavam o que, na época, diferenciava a plataforma de concorrentes diretos como Facebook, MSN e Orkut: a simplicidade para trocar mensagens.

"Sem propagandas! Sem joguinhos! Sem truques!" foram os princípios básicos do início do WhatsApp — Foto: Jim Goetz/Reprodução
"Sem propagandas! Sem joguinhos! Sem truques!" foram os princípios básicos do início do WhatsApp — Foto: Jim Goetz/Reprodução

2. Como era a primeira versão do WhatsApp?

Lançada em agosto de 2009 para iPhone (iOS), a primeira versão do WhatsApp possuia apenas funções de envio de mensagens privadas e status, como “Disponível”, “Ocupado” ou “Bateria fraca”. Quatro meses depois, o aplicativo permitiu que imagens fossem compartilhadas por usuários. No ano seguinte, o BlackBerry recebeu uma versão do mensageiro, que só foi adicionado a loja de aplicativos do Android em agosto de 2010.

Foi nesse mesmo ano que a plataforma recebeu a primeira grande atualização, que incluía o compartilhamento da localização do usuário. Em 2011 foi criado o chat em grupo — que é atualmente o recurso mais utilizado. Já em 2013, mensagens via áudio foram adicionadas.

A primeira versão do WhatsApp permitia apenas a troca de mensagens e atualização de status — Foto: Luciana Maline/TechTudo
A primeira versão do WhatsApp permitia apenas a troca de mensagens e atualização de status — Foto: Luciana Maline/TechTudo

3. Compra pelo Facebook

No dia 19 de fevereiro de 2014, Mark Zuckerberg anunciou a compra do WhatsApp por cerca de US$ 16 bilhões. O acordo inicial previa um pagamento adicional de US$ 3 bilhões aos fundadores e funcionários do mensageiro, além da compra de ações do Facebook dentro de quatro anos. Esses valores, no entanto, aumentaram até a data limite, devido ao boom da rede social no mercado de ações. Dessa forma, o valor final da aquisição chegou aos US$ 21,8 bilhões.

Na época, os valores surpreenderam o mercado, já que o aplicativo obtinha lucro de “apenas” US$ 20 milhões anuais. O mensageiro tinha uma base de 600 mil usuários ativos, era pago em países com grande uso de cartões de crédito, ao custo de US$ 1, e era o principal concorrente do Facebook Messenger.

Essa representou a aquisição mais cara do Facebook de um concorrente direto. Dois anos antes, em 2012, a gigante americana pagou US$ 1 bilhão para adquirir o Instagram, considerado o maior rival da época.

Atualmente, a Meta é dona do Instagram e do WhatsApp — Foto: Getty Images
Atualmente, a Meta é dona do Instagram e do WhatsApp — Foto: Getty Images

4. Avanços na segurança e criptografia

Em 2016, o WhatsApp incrementou a criptografia de ponta-a-ponta no aplicativo. A camada extra de segurança garante que as mensagens não sejam interceptadas por terceiros. Somente os remetentes e destinatários têm acesso às conversas, nem mesmo as empresas dos apps. O sistema é aplicado a textos, mídias e chamadas, e funciona por meio de chaves codificadas, exclusivas para cada usuário, que contém 64 dígitos.

Por se tratar de uma tecnologia assimétrica, é necessário que dois tipos de chaves sejam usadas para cada ponta da comunicação, uma chave pública e uma chave privada. Cada pessoa possui um par de chaves, que são complementares.

Criptografia de ponta a ponta adiciona uma camada extra de segurança ao WhatsApp — Foto: Getty Images/SOPA Images
Criptografia de ponta a ponta adiciona uma camada extra de segurança ao WhatsApp — Foto: Getty Images/SOPA Images

5. Polêmicas e Desinformação

Durante as eleições de 2018 no Brasil, o WhatsApp foi acusado de permitir a circulação de fake news e desinformação na rede. Na época, o então candidato Fernando Haddad alegou em entrevistas que apoiadores de Jair Bolsonaro financiaram campanhas de desinformação em massa no mensageiro. A informação nunca foi confirmada pela Meta, mas ascendeu a discussão que pautaria os seguintes pleitos eleitorais e motivou mudanças na plataforma, incluindo parcerias com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além disso, o WhatsApp também é alvo de golpes, como APKs maliciosos, clonagem de contas, aplicativos espiões e phishing. Um exemplo é o golpe do falso emprego, que oferece a usuários oportunidades de trabalho com vantagens e benefícios irreais, como alto salário e poucas horas de trabalho. Acompanhado da descrição do emprego, um link malicioso encaminha a vítima para um cadastro, que pede dados sensíveis. A partir do compartilhamento de informações pessoais, fraudes podem ser aplicadas. A falta de controle no mensageiro é um ponto que deve ser observado com cautela.

Criminosos aproveitam a situação de desemprego no país para aplicar golpes pelo WhatsApp — Foto: Getty Images/ Anadolu Agency
Criminosos aproveitam a situação de desemprego no país para aplicar golpes pelo WhatsApp — Foto: Getty Images/ Anadolu Agency

Em entrevista ao TechTudo, o professor de MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em marketing e tecnologia, Kenneth Corrêa, afirmou que a criptografia usada pelo app dificulta na identificação e punição do conteúdo das mensagens e responsáveis. Apesar disso, deve haver um investimento contínuo em tecnologias para identificar e alertar sobre potenciais fake news e golpes.

“A criptografia de ponta a ponta foi um avanço em termos de privacidade, mas também impõe desafios na moderação de conteúdo. Tecnologias que analisam padrões de comportamento, como o encaminhamento em massa de mensagens, poderiam ser utilizadas para sinalizar possíveis abusos, além de possíveis parcerias com organizações independentes de checagem de fatos e autoridades locais”, disse Kenneth.

“Quanto às punições, este é um desafio muito grande, pela dificuldade de identificar o conteúdo das mensagens. A plataforma é o meio do caminho, o intermediário entre duas partes, e não faz controle sobre o que é publicado. Ela deve ser mais restritiva no cadastro de novos números, para garantir a identificação de quem cria as mensagens, seja o CPF ou CNPJ”, conclui.

Nesse contexto, o WhatsApp criou limites mais rígidos em relação ao compartilhamento de fotos, vídeos e textos longos, além de adicionar formas de verificar se o conteúdo é verdadeiro. Atualmente, é possível encaminhar mensagens para apenas cinco conversas por vez. De acordo com a empresa, essa ação resultou em uma redução de 25% no compartilhamento de conteúdos de massa.

Mensagens com o símbolo de “Compartilhado com Frequência”, indicam que o conteúdo circulou por diversos grupos antes de ser compartilhado com o usuário. Esse tipo de mensagem só pode ser encaminhada para apenas um chat po vez. A medida reduziu a viralização desse tipo de mensagens em mais de 70%, segundo o próprio WhatsApp. Mensagens em massa, ou compartilhadas por políticos sem conssentimento, também podem gerar o banimento da conta.

Por fim, o WhatsApp firmou uma parceria com a Aliança Internacional de Checagem de Fatos (IFCN) para disponibilizar a checagem de fatos diretamente no app. Dessa forma, torna-se possível checar as informações sem a necessidade de sair do aplicativo. Ao todo, mais de 50 organizações de checagem de fatos estão associadas a plataforma.

Seta dupla indica mensagens encaminhadas mais de cinco vezes  — Foto: Reprodução/TechTudo
Seta dupla indica mensagens encaminhadas mais de cinco vezes — Foto: Reprodução/TechTudo

6. Popularidade no Brasil

No Brasil, o WhatsApp é um fenômeno. Ao todo, o app possui no país uma base de 147,21 milhões de usuários, representando uma penetração de 99% no mercado nacional, segundo dados da Statista. Ainda segudo o estudo, o país é o terceiro que mais usa o aplicativo no mundo, e representa 54% do total da América do Sul. A fama tem explicação. Kenneth Corrêa diz que a plataforma encontrou no Brasil o cenário ideal para crescer, já que foi a responsável por estancar um problema latente de telecomunicação.

“O app respondeu a uma necessidade sentida no país: a de comunicação eficiente e acessível. Em um contexto onde os custos de SMS eram proibitivos e a infraestrutura de internet móvel ainda estava em expansão, o WhatsApp ofereceu uma alternativa viável e econômica, permitindo às pessoas comunicarem-se gratuitamente utilizando apenas uma conexão à internet”, adiciona o professor.

O WhatsApp está em 99% dos aparelhos móveis do Brasil — Foto: Mariana Saguias/TechTudo
O WhatsApp está em 99% dos aparelhos móveis do Brasil — Foto: Mariana Saguias/TechTudo

Funcionalidades como o WhatsApp Business e o WhatsApp Pay também podem ser consideradas fatores para o sucesso brasileiro. O mensageiro é hoje um super app, já que oferece múltiplas funcionalidades e serviços em uma única plataforma. A abordagem da Meta, porém, pode trazer riscos.

“Um dos maiores riscos é a concentração excessiva de poder nas mãos de uma única plataforma. Essa centralização pode limitar a competição, inibir a inovação e restringir as escolhas dos consumidores. Aumenta (também) a quantidade de dados pessoais e sensíveis processados pela plataforma. Isso eleva os riscos associados à privacidade e à segurança dos dados dos usuários. Interrupções e falhas no WhatsApp afetariam não apenas a comunicação, mas também o comércio, pagamentos e outros serviços essenciais, potencialmente causando disrupções significativas na vida cotidiana das pessoas”, finaliza Kenneth Corrêa.

7. O que esperar dos próximos dez anos do WhatsApp?

Para os próximos dez anos, Kenneth Corrêa espera que o WhatsApp expanda ainda mais as funções de um super app. Além disso, a incorporação de recursos de Inteligência Artificial na plataforma deve ser pauta para o futuro do mensageiro da Meta.

“Assim como o WeChat na China, o WhatsApp provavelmente expandirá sua gama de serviços, tornando-se um super app mais integrado. Isso pode incluir a ampliação de funcionalidades de negócios, serviços financeiros, e-commerce, saúde digital e até mesmo integração com governos para serviços públicos. O app deverá incorporar também avanços em IA para oferecer experiências de usuário mais ricas e personalizadas. Chatbots mais sofisticados para suporte ao cliente, assistentes virtuais pessoais e melhorias na filtragem de spam e detecção de conteúdo prejudicial são esperados”, encerra o especialista.

A segurança da informação deve também ser aprimorada, com o uso de criptografia mais avançada e autenticação biométrica. Metodologias de segurança baseadas em blockchain, para garantir transações seguras e privacidade aprimorada, também podem ser adicionadas.

Segurança e privacidade de dados devem ser fatores a serem expandidos no futuro do WhatsApp — Foto: Paulo Alves/TechTudo
Segurança e privacidade de dados devem ser fatores a serem expandidos no futuro do WhatsApp — Foto: Paulo Alves/TechTudo

Com informações de Feedough, Statista (1 e 2), Forbes, Reuters, TechTudo, WhatsApp e The Guardian

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