Jogos de tiro
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O VCT LOCK//IN, considerado pela desenvolvedora Riot Games, o maior campeonato da história do competitivo de Valorant, entra em sua fase final nesta quinta-feira (2), com a LOUD representando o Brasil rumo ao título. Em casa, a equipe enfrenta a DRX por uma vaga na primeira final do torneio, que marca o início do novo formato de franquias no competitivo do FPS da Riot. O TechTudo foi a São Paulo a convite da empresa para ver os primeiros dias do campeonato, que começou em fevereiro, e também conversar com o head global de Valorant, Leonardo Faria.

O executivo falou sobre o caminho do FPS nos esports, comentou o cenário competitivo no Brasil e também trouxe alguns pontos quanto à atuação da Riot em relação aos direitos de jogadores por aqui. Confira mais detalhes do bate-papo a seguir.

VALORANT Champions Tour 2023: LOCK//IN - Press Conference — Foto: Colin Young-Wolff/Riot Games
VALORANT Champions Tour 2023: LOCK//IN - Press Conference — Foto: Colin Young-Wolff/Riot Games

Valorant nos esports

O crescimento de Valorant em um meio tomado por outros FPS de destaque, como CS:GO e Rainbow Six Siege, surpreendeu muita gente, visto que o jogo foi lançado há pouco tempo, em 2020. Questionado sobre como a Riot fez para atingir esse progresso, o executivo comenta que a Riot contou com uma "carta na manga" muito importante: os dez anos de experiência com League of Legends (LOL).

"A gente aprendeu ao longo dos anos sobre como fazer um jogo competitivo ser um sucesso, como construir um esporte ao redor do jogo e pudemos trazer todos os aprendizados para o Valorant"

Leonardo destacou ainda que, além de toda a bagagem adquirida com o LOL, outro ponto importante dessa ascensão do competitivo de Valorant é que a Riot sempre busca olhar para comunidades que poderiam ser melhor servidas. Assim, o jogo de tiro chegou não somente para ser um novo FPS, mas sim uma oportunidade de trazer algo diferente e que atendesse às demandas que outros jogos não estariam suprindo, na visão da empresa. De qualquer forma, o rápido crescimento do game também chamou atenção da Riot, mas ainda há margem para crescer.

VCT LOCK//IN marca início de novo sistema de franquias; Brasil foi escolhido pela força nos esports — Foto: Divulgação/Colin Young-Wolff/Riot Games
VCT LOCK//IN marca início de novo sistema de franquias; Brasil foi escolhido pela força nos esports — Foto: Divulgação/Colin Young-Wolff/Riot Games

"Foi uma surpresa pelo fato de quão rapido cresceu, porque o League of Legends levou 12 anos pra chegar no tamanho que está e o Valorant chegou lá em dois. League ainda é muito maior, já está publicado na China... o Valorant ainda não está."

Vale lembrar que, até 2022, o cenário competitivo do jogo funcionava de maneira diferente. Existiam ligas regionais por meio das quais os times se classificavam para participar de campeonatos; tudo em modo aberto. Já em 2023, a Riot anunciou alterações no formato das ligas.

Segundo o porta-voz, "são três novas ligas internacionais e um sistema de parceria novo". Ou seja: o VCT (Valorant Champions Tour, como é chamado o competitivo) agora conta com três ligas internacionais: América, EMEA (Europa, Oriente Médio e África) e Pacific, além de times franqueados em cada uma delas. Vale ressaltar que esse novo formato é diferente dos adotados pela própria Riot em outros competitivos, como o LOL, por exemplo.

“É uma franquia diferente porque a gente não está cobrando uma taxa de entrada, como normalmente funciona com a franquia dos nossos esports tradicionais. O que a gente está pedindo é que os times façam investimento em conteúdo, em geração de fandom e também infraestrutura.”

Novo sistema utilizado pela Riot não prevê taxa de entrada para organizações; ideia é pedir para empresas investirem em outros pontos — Foto: Divulgação/Colin Young-Wolff/Riot Games
Novo sistema utilizado pela Riot não prevê taxa de entrada para organizações; ideia é pedir para empresas investirem em outros pontos — Foto: Divulgação/Colin Young-Wolff/Riot Games

Riot Games e o cenário de Esports no Brasil

No início deste ano, a Ministra do Esporte do atual governo, Ana Moser, afirmou não considerar esportes eletrônicos um tipo de esporte. Este fato gerou polêmicas e foi bastante discutido pela comunidade gamer. Pensando nisso, o TechTudo questionou Leonardo sobre como a Riot Games recebeu esse debate. O executivo deixou claro que respeita a opinião da Ministra e afirma ter aprendido muito sobre regulamentações dos esports ao longo dos anos, sobretudo as diferenças de acordo com o país.

"A gente já provou de milhões de maneiras que os esports são super profissionais, que os times têm estrutura e que os jogadores conseguem criar uma carreira de sucesso e fazer dinheiro. Os fãs são a prova disso. No final das contas, o único reconhecimento que a gente precisa é o da galera que joga; da galera que assiste."

Leonardo falou sobre os esports no Brasil e a relação da Riot com os direitos de ateltas envolvidos no competitivo profissional — Foto: Divulgação/Colin Young-Wolff/Riot Games
Leonardo falou sobre os esports no Brasil e a relação da Riot com os direitos de ateltas envolvidos no competitivo profissional — Foto: Divulgação/Colin Young-Wolff/Riot Games

Apesar disso, a falta de reconhecimento de um órgão federal como o Ministério do Esporte deixa uma dúvida quanto às legislações e garantias profissionais de quem atua no competitivo. Como não são considerados atletas de fato, players que dedicam suas vidas aos esports ficam para trás em relação a direitos básicos envolvendo rotina de treinos e outros aspectos do dia a dia. Sobre esse ponto, Leonardo comentou que é importante olhar para os diferentes níveis de competição e também de acordos.

"Nas ligas internacionais, a gente tem mais estrutura e proteção pros jogadores. Tudo desde uma base mínima de salário que jogadores recebem na liga, até a proteção contratual. A gente tem cláusulas onde, a qualquer momento, por ser um acordo mútuo, o time ou jogador pode decidir pelo desligamento."

LOCK//IN no Brasil

A escolha de São Paulo para receber o primeiro LOCK//IN e marcar o início do novo sistema de franquias passou muito pela força do país nos esports, sobretudo em jogos FPS. Além disso, a Riot reconhece que é uma comunidade que não para de crescer, então não quis perder o timing.

Cultura brasileira com jogos FPS é muito forte; Major de CS:GO, por exemplo, foi sucesso e estimulou a volta de mais um IEM no Brasil — Foto: Yuri Hildebrand/TechTudo
Cultura brasileira com jogos FPS é muito forte; Major de CS:GO, por exemplo, foi sucesso e estimulou a volta de mais um IEM no Brasil — Foto: Yuri Hildebrand/TechTudo

"O Brasil sempre teve um lugar muito especial para todo mundo porque é um país cuja comunidade tem uma história (forte) em FPS. Eu cresci no Brasil jogando e assistindo FPS. Então a gente já tinha uma vontade muito grande de trazer um evento pra cá. Enfim apareceu a oportunidade perfeita para trazer um evento desse tamanho e celebrar o lançamento das ligas."

Além disso, a Riot Games apostou muito em torneios na Europa, focados em times da EMEA, sobretudo por conta da pandemia da Covid-19. Portanto, seguindo a ideia de expandir o competitivo para outros lugares pelo mundo, o Brasil foi escolhido para "estrear" essa fase. Depois, em junho, o Japão será outro país a receber uma disputa competitiva de Valorant, com o Masters.

Leonardo confia em título brasileiro no LOCK//IN; LOUD é única representante viva na disputa — Foto: Divulgação/Colin Young-Wolff/Riot Games
Leonardo confia em título brasileiro no LOCK//IN; LOUD é única representante viva na disputa — Foto: Divulgação/Colin Young-Wolff/Riot Games

Sobre a chance de título para um dos times locais, a atual campeã mundial LOUD, Leonardo foi enfático: "com toda certeza! Brasil campeão! Tudo apontando para o Brasil". Vale lembrar que a organização brasileira volta a jogar pelo LOCK//IN nesta quinta-feira (2), contra a DRX, valendo uma vaga na final da competição. O confronto será em formato melhor de 5 partidas (MD5) e pode ser acompanhado ao vivo pelos canais oficiais da Riot na Twitch e no YouTube.

*A jornalista foi a São Paulo a convite da Riot Games

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