Áudio e Vídeo
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Por Thaisi Carvalho, para o TechTudo

Deepfake é uma tecnologia que usa inteligência artificial (IA) para produzir vídeos falsos e realistas, por meio de montagens e alterações de rostos e vozes das pessoas. A prática ficou famosa por simular vídeos pornográficos de celebridades, como a cantora Taylor Swift e a atriz Gal Gadot, e alterar discursos de políticos, como os ex-presidentes dos Estados Unidos Donald Trump e Barack Obama. Considerado um nível mais avançado de fake news, o deepfake é um recurso muito utilizado a serviço da desinformação e para atacar vítimas, como no caso de distribuição de pornô de vingança na Internet.

O método para criar deepfakes é relativamente simples e barato: qualquer um com acesso a softwares baseados em bibliotecas de código aberto voltados ao aprendizado de máquina e um bom processador gráfico pode criar um vídeo falso convincente. É possível fazê-lo até mesmo com a ajuda de aplicativos para celular. No entanto, apesar de ser bastante realista, a técnica não é perfeita e deixa algumas pistas de manipulação, que podem ser identificadas por olhares mais atentos. A seguir, o TechTudo lista 10 dicas para identificar deepfakes e, assim, evitar a disseminação de fake news na web.

Lista reúne dicas para identificar deepfakes; confira — Foto: Pedro Vital/TechTudo
Lista reúne dicas para identificar deepfakes; confira — Foto: Pedro Vital/TechTudo

1. Preste atenção ao rosto

Uma das formas mais eficientes de identificar vídeos falsos é observar o rosto da pessoa. Desconfie de expressões que pareçam pouco naturais ou de posicionamentos faciais inconsistentes. Por exemplo, se o rosto estiver virado para um lado e o nariz para o outro, ou se o nariz e o queixo estiverem desalinhados, o vídeo pode ter sofrido manipulações.

Exemplo de um deepfake com o empresário Elon Musk — Foto: Reprodução/Discover Magazine
Exemplo de um deepfake com o empresário Elon Musk — Foto: Reprodução/Discover Magazine

A textura da pele também é outro aspecto que merece atenção. Observe principalmente as bochechas e a testa. Uma dica é recorrer a uma foto real da pessoa e comparar algumas características com o rosto exibido no vídeo, como se a pele é lisa ou se tem rugas. Além disso, veja se o envelhecimento da pele, no geral, acompanha outras marcas do tempo no cabelo e nos olhos, já que é comum que as montagens falsas sejam contraditórias em certos aspectos.

2. Preste atenção ao movimento dos olhos

Vídeos em que a pessoa não pisca, pisca com grandes intervalos ou até mesmo pisca em excesso podem ser deepfakes. Isso porque, geralmente, os olhos de uma pessoa seguem a outra com quem está falando, e é difícil replicar esse comportamento de uma forma que pareça natural. Outra dica importante é prestar atenção às sobrancelhas, para checar se elas acompanham o movimento dos olhos e a expressão facial. Se elas permanecerem muito paradas, desconfie.

Exemplo de edição em aplicativo Deepfake — Foto: Reprodução/Júlio César Gonsalves
Exemplo de edição em aplicativo Deepfake — Foto: Reprodução/Júlio César Gonsalves

3. Preste atenção à boca

Outra maneira de identificar deepfakes é prestando atenção à boca de quem fala, já que em muitos casos a montagem é feita para que a pessoa fale algo que nunca disse. Para fazer isso, os criadores pegam imagens do alvo falando, trocam o áudio e manipulam a aparência da boca para fazer com que os movimentos correspondam ao que está sendo dito.

Vídeo com discurso de Barack Obama parece real, mas as palavras são do diretor Jordan Peele — Foto: BuzzFeed/Reprodução
Vídeo com discurso de Barack Obama parece real, mas as palavras são do diretor Jordan Peele — Foto: BuzzFeed/Reprodução

Logo, confira se o tamanho e cor dos lábios combinam com as outras partes do rosto da pessoa em questão. Certifique-se também de que o áudio e o movimento da boca da pessoa estão sincronizados. Em deepfakes, é comum que os movimentos tenham alguma inconsistência ou delay. Caso desconfie de um vídeo, especialmente se for de um político discursando, vale procurar pelo assunto em agências de checagem. Existem diversos portais jornalísticos que verificam se uma imagem ou vídeo foram manipulados, esclarecendo quais conteúdos são fake e quais são verdadeiros.

4. Observe as emoções

Vídeos com pessoas que não demonstram emoções o suficiente e parecem robóticas demais podem ser deepfakes. Para evitar cair em uma armadilha virtual como essa, certifique-se de que o indivíduo realmente está com uma expressão facial que condiz com o que ele está falando. Veja se a pessoa parece determinada e consciente de suas falas, com emoções bem definidas. Caso o locutor pareça neutro demais diante do que está falando, o vídeo pode ser falso e manipulado. De modo geral, avalie se os movimentos fazem sentido com o que está sendo dito.

Deepfake: vídeos com pessoas com poucas emoções são fortes indícios de montagem — Foto: Pedro Vital/TechTudo
Deepfake: vídeos com pessoas com poucas emoções são fortes indícios de montagem — Foto: Pedro Vital/TechTudo

5. Preste atenção aos movimentos e postura do corpo

Como a tecnologia deepfake tende a se concentrar mais no rosto do que no restante do corpo, analisar movimentos e postura pode ser uma das formas mais eficientes de identificar vídeos falsos. Se a pessoa apresentar uma postura desajeitada ou movimentos corporais estranhos, o vídeo pode não ser verdadeiro. Um forte sinal de manipulação é quando a forma do corpo de alguém não parece natural, ou quando o posicionamento da cabeça e do corpo está inconsistente.

Uma das falhas do deepfake é apresentar inconsistência entre os movimentos do corpo e rosto — Foto: Reprodução/CTRL Shift Face
Uma das falhas do deepfake é apresentar inconsistência entre os movimentos do corpo e rosto — Foto: Reprodução/CTRL Shift Face

Por isso, se há distorções quando a pessoa vira a cabeça de um lado para o outro, ou movimenta-a de cima para baixo, por exemplo, há grandes chances de o vídeo ser deepfake. Confira também se os movimentos são bruscos demais e desconexos — se eles não fazem sentido com o resto do conteúdo, suspeite da veracidade do vídeo.

6. Observe se os cabelos e os dentes parecem reais

Outro modo de identificar deepfakes é analisando cabelos e dentes. As tecnologias de inteligência artificial têm dificuldade para simular o comportamento natural dos fios de cabelo. Por isso, eles geralmente aparecem rígidos demais nos vídeos falsos. Se você perceber que os fios nunca mudam de posição, não têm frizz, são lisos demais quando deveriam ser mais crespos, ou não parecem reais, há chances de o conteúdo ser deepfake. Vale ainda observar os dentes. Os algoritmos também podem apresentar dificuldades para gerar dentes individuais, com contornos bem definidos.

Deepfake insere rosto de Nicolas Cage em Lois Lane no filme Super-Homem — Foto: Reprodução/YouTube (Usersub)
Deepfake insere rosto de Nicolas Cage em Lois Lane no filme Super-Homem — Foto: Reprodução/YouTube (Usersub)

7. Procure por inconsistências na cor do vídeo

Como os deepfakes se concentram mais no rosto da pessoa em detrimento de outros aspectos do corpo, uma forma de identificá-los é procurando por desníveis entre o tom de pele da face e do corpo. Verifique também se existem inconsistências na iluminação, nas sombras e nos reflexos do vídeo, pois esses são sinais de que o vídeo passou por manipulações. Outro ponto de atenção é a nitidez da imagem: vídeos pouco nítidos e com muito desfoque podem ser deepfakes.

Coloração de um vídeo é fator importante para identificar deepfakes — Foto: Reprodução/YouTube
Coloração de um vídeo é fator importante para identificar deepfakes — Foto: Reprodução/YouTube

8. Verifique se há ruídos ou inconsistências no áudio

Analisar ruídos ou outras falhas no áudio pode ajudar a desmascarar deepfakes. Na maioria das vezes, os manipuladores de vídeos falsos focam mais no visual do que no som, deixando algumas pistas da montagem. Entre elas, é possível destacar vozes robóticas, má sincronização labial, barulho de fundo e pronúncia estranha de algumas palavras. Há ainda os casos em que simplesmente não existe áudio no vídeo.

Uma das maneiras de checar essas falhas é assistir aos vídeos em velocidade reduzida, para que seja possível analisar e ampliar as imagens. Assim, além de perceber se as imagens não parecem naturais quando estão desaceleradas, também há como aumentar o zoom nos lábios para checar se o indivíduo realmente está falando aquilo, ou se existe uma sincronização labial suspeita.

9. Observe o perfil da pessoa

Apesar de ser boa para reproduzir imagens frontais, a tecnologia deepfake tem dificuldade para replicar a técnica nas laterais da face. Por isso, uma forma de descobrir se o conteúdo é verdadeiro ou não é observando o perfil da pessoa. Essa dica torna-se ainda mais válida para vídeos ao vivo, como entrevistas de emprego online.

Deepfakes costumam focar mais no frontal das imagens do que nos perfis  — Foto: Reprodução/Instagram
Deepfakes costumam focar mais no frontal das imagens do que nos perfis — Foto: Reprodução/Instagram

Os softwares usados para criar deepfakes detectam pontos de referência no rosto de uma pessoa para criar um novo. Quando o indivíduo está com a face virada para o lado, os algoritmos conseguem detectar apenas metade dos pontos de referência, o que torna o procedimento mais difícil. Vale ressaltar que outra forma de identificar um deepfake ao vivo é pedir ao participante para acenar com as mãos na frente do rosto. Isso pode revelar problemas de qualidade com a sobreposição das faces.

10. Faça busca reversa

Se tiver dúvidas em relação à veracidade de um vídeo ou de parte dele, faça uma busca reversa no Google. O processo ajuda a encontrar a versão original de uma imagem (neste caso, do frame do vídeo deepfake) ou contexto adicional sobre sua publicação. Para isso, o primeiro passo é fazer uma captura de tela estática da imagem em questão. Em seguida, é possível enviá-la para o Google Imagens, TinEye, Yandex ou Bing Imagens, para investigar o histórico online do vídeo.

Busca reversa pode ajudar a identificar vídeos falsos — Foto: Arkan Perdana/Unsplash
Busca reversa pode ajudar a identificar vídeos falsos — Foto: Arkan Perdana/Unsplash

Ao visualizar os resultados fornecidos pelo Google ou pela ferramenta usada para fazer a busca, é possível encontrar tanto outros lugares que postaram o vídeo em questão — portais de notícias confiáveis, por exemplo — quanto a versão original do clipe, antes de este ser alterado. Assim, fica mais fácil contrastar versões manipuladas e descobrir a veracidade da imagem.

Com informações de Norton, Snopes, MIT Media Lab, Reuters e ZD Net

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